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23/09/2009 - 11h53

Zelaya relata plano do governo interino de matá-lo na embaixada do Brasil

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da Folha Online

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou nesta quarta-feira que o governo interino planeja um ataque à Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado desde segunda-feira (21), para matá-lo e depois declarar que ele havia se suicidado.

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Zelaya disse que o plano não foi executado na noite desta terça-feira devido à intermediação da comunidade internacional --que aumentou a pressão sobre o governo interino por uma solução à crise desde o retorno em segredo de Zelaya, após quase três meses do golpe de Estado--, mas que pode ocorrer na noite desta quarta-feira.

"Atacariam a embaixada [do Brasil] e declarariam um suicídio de minha parte, mas esclareço que José Manuel Zelaya não está se suicidando", afirmou o presidente deposto, em entrevista por telefone à rede de televisão argentina TN, citada pela agência de notícias Efe.

"Hoje estamos sendo ameaçados... Hoje [quarta-feira] à noite vai-se tomar a embaixada do Brasil", disse Zelaya ao canal venezuelano de TV Telesur, citando informações que teriam sido passadas por uma jornalista desse próprio canal, ligado ao governo esquerdista de Hugo Chávez. A entrevista foi citada pela agência de notícias Reuters.

"Supostamente há um plano, seja de captura ou assassinato, [a jornalista] diz que já há até os legistas para declarar que é um suicídio", completou Zelaya.

O governo interino alertou que prenderá Zelaya se ele sair da missão diplomática do Brasil, que por sua vez garantiu a segurança do presidente deposto e alertou os líderes hondurenhos que não aceitará afrontas à sua embaixada. A comunidade internacional pediu calma.

De acordo com o 22º artigo da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 1961, os locais das Missões Diplomáticas (embaixadas e edifícios anexos) são invioláveis. Os agentes do estado acreditado (que recebe a embaixada) não podem penetrar neles sem o consentimento do chefe da missão.

Centenas de efetivos de segurança, alguns mascarados e outros portando armas automáticas, mantiveram nesta quarta-feira uma área ao redor do prédio da embaixada do Brasil onde Zelaya se refugiou com a família e um grupo de cerca de 40 partidários.

O Ministério de Relações Exteriores do Brasil confirmou que a eletricidade, a água e o telefone da embaixada foram cortados por várias horas, mas que estava permitida a entrada de alimentos. Segundo o Ministério Público hondurenho, representantes da ONU levaram alimentos e água para o presidente deposto.

O recado foi reforçado nesta quarta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que arrancou aplausos na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York (EUA), ao dizer que a comunidade internacional exige a restituição de Zelaya à Presidência.

"Advirto à comunidade internacional. Eu, Manuel Zelaya Rosales, filho de Hortênsia e José Manuel, não se suicida. Está vivo, lutando por seus princípios e por seus valores, com firmeza. E prefiro morrer firme que ajoelhado perante esta ditadura. E que isso fique muito claro perante esses tiranos que estão querendo governar este país pelas armas", acrescentou.

A volta de Zelaya esta semana para tentar recuperar o poder em Honduras gera temores de que haja uma escalada de violência no país centro-americano. Na terça-feira, policiais e militares dispersaram com bombas de gás lacrimogêneo, carros hidrantes e uma antena que emitia um som ensurdecedor os manifestantes que se aglomeravam diante da embaixada brasileira. Os manifestantes pró-Zelaya se defenderam jogando pedras, em um conflito que deixou ao menos 20 feridos, nenhum em estado grave, e cerca de 150 presos.

Histórico

Zelaya foi deposto nas primeiras horas do dia 28 de junho, dia em que pretendia realizar uma consulta popular sobre mudanças constitucionais que havia sido considerada ilegal pela Justiça. Com apoio da Suprema Corte e do Congresso, militares detiveram Zelaya e o expulsaram do país, sob a alegação de que o presidente pretendia infringir a Constituição ao tentar passar por cima da cláusula pétrea que impede reeleições no país.

O presidente deposto, cujo mandato termina no início do próximo ano, nega que pretendesse continuar no poder e se apoia na rejeição internacional ao que é amplamente considerado um golpe de Estado --e no auxílio financeiro, político e logístico do presidente venezuelano, Hugo Chávez-- para desafiar a autoridade do presidente interino e retomar o poder.

Isolado internacionalmente, o presidente interino resiste à pressão externa para que Zelaya seja restituído e governa um país aparentemente dividido em relação à destituição, mas com uma elite política e militar --além da cúpula da Igreja Católica-- unida em torno da interpretação de que houve uma sucessão legítima de poder e de que a Presidência será passada de Micheletti apenas ao presidente eleito em novembro. As eleições estavam marcadas antes da deposição, e nem o presidente interino nem o deposto são candidatos.

Com Efe e Reuters

Comentários dos leitores
Luciano Filgueiras (94) 02/02/2010 17h52
Luciano Filgueiras (94) 02/02/2010 17h52
Sobre o comentário do nosso estimado Diplomata, dizendo ele, que o nosso país inspira o desarmamento mundial; apenas brinco: "Nosso Amorim é um gozador!... sem opinião
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sebastião chaves (9) 02/02/2010 15h19
sebastião chaves (9) 02/02/2010 15h19
como tem pirado escrevendo e enviando os seus comentários. os textos chegam ser manifestações de humorismo involuntário.
Peço àqueles que discordam das bobagens escritas, sejam condescentes com os pirados da silva.
Pai, perdoi, eles não sabem o que escrevem. Descansem em paz, pirados.
sem opinião
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John Reed (41) 02/02/2010 03h21
John Reed (41) 02/02/2010 03h21
A realidade é inexorável.
Ideologias fajutas não passam de blá-blá-blá porque são míopes para enxergar qualquer coisa. Mas certamente não querem ver nada porque acham que já pensaram em tudo. Aí quando a realidade contraria a 'verdade' ideológica as coisas começam a ficar violentas.
Já viu uma criança contrariada? Pois é. Parece que o brinquedo favorito do Coronel Presidente Hugo Chávez se recusa a funcionar como ele deseja. E isso acaba refletindo em alguns nesse fórum, que contrariados produzem textos violentos tanto no estilo quanto no conteúdo.
Uma política carioca, médica, disse (isso ninguém me contou), no ocaso dos países comunista pós Muro, que o ideal e modelo de país a ser seguido eram os da Albânia. Caramba! Isso tem 20 anos.
É pra dar medo: o que a crença em ideologias ou dogmas pode fazer com uma pessoa culta e inteligente. Como já disse, a realidade é desagradavelmente real para alguns.
2 opiniões
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