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Opositor do Irã denuncia ditadura e diz que Revolução fracassou
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LAURENT MAILLARD
da France Presse, em Teerã
O oposicionista Mir Hussein Mousavi denunciou nesta terça-feira a persistência das "raízes da ditadura" no Irã e o fracasso da Revolução Islâmica, cujo 31º aniversário é comemorado em um clima de crise no país. "As raízes da tirania e da ditadura ainda existem no Irã", diz o ex-primeiro-ministro, em longa e virulenta declaração publicada em seu site. "A ditadura em nome da religião é a pior de todas."
"É possível identificar hoje no Irã as bases e os elementos que produzem uma ditadura, assim como a resistência a um retorno à ditadura", afirmou o líder reformista, em alusão às manifestações consecutivas à reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em junho passado. Uma alta autoridade judicial anunciou nesta terça-feira a execução em breve de outros nove "baderneiros" acusados de tentarem "derrubar o regime islâmico", depois dos dois enforcados na semana passada.
"Silenciar a imprensa, encher as prisões e matar pessoas que pedem pacificamente o respeito de seus direitos na rua mostram que as raízes da tirania e da ditadura da época da monarquia ainda existem", disse Mousavi, adversário de Ahmadinejad na última eleição presidencial.
O homem que foi o primeiro-ministro do imã Khomeini durante os oito anos da guerra contra o Iraque (1980-88) também se referiu pela primeira vez a um fracasso da Revolução de 79. "No início, a maioria da população estava convencida de que a Revolução acabaria com todas as estruturas que levam ao totalitarismo e à ditadura. Eu acreditava nisso, mas hoje não acredito mais. Não acho que a Revolução tenha alcançado seus objetivos."
Estas declarações virulentas de um protagonista importante e respeitado dos primeiros anos da República Islâmica foram divulgadas em vésperas do aniversário da Revolução, no dia 11 de fevereiro, em um momento em que o regime iraniano passa por uma das piores crises de sua história.
As manifestações consecutivas à eleição de junho, em que diversas fraudes foram denunciadas, foram reprimida duramente pelo governo. Dezenas de pessoas morreram e centenas ficaram feridas nestes protestos. Os últimos deles, que deixaram oito mortos no dia do luto xiita do Ashura, em 27 de dezembro, confirmaram a magnitude da crise, sete meses depois da eleição.
Antes de dar início às primeiras execuções, as autoridades prenderam milhares de manifestantes e condenaram dezenas de opositores a duras penas de prisão.
O poder ainda multiplicou pressões e intimidações --às vezes físicas-- contra Mousavi e outros líderes da oposição, também acusados pelos representantes mais radicais do regime de tentarem derrubar a República Islâmica. A repressão foi denunciada diversas vezes pelo ex-primeiro-ministro. Na semana passada, ele estimou que as execuções têm como objetivo "criar um clima de medo para dissuadir as pessoas de ir às ruas no dia 11", no aniversário da Revolução de 1979.
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