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10/06/2005 - 19h09

Novo presidente consegue trégua parcial em protestos na Bolívia

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da Folha Online

O novo presidente da Bolívia, Eduardo Rodríguez Veltzé, 49, deu início nesta sexta-feira a sua gestão com uma resposta positiva por parte dos grupos manifestantes: mineiros e agricultores resolveram iniciar uma trégua de dez dias.

Mais tarde, Abel Mamani, presidente da Federação das Juntas Vicinais de El Alto [cidade vizinha à capital La Paz], propôs uma trégua de 72 horas ao presidente Rodríguez --período em que o novo chefe de Estado deverá regularizar a nacionalização da exploração de gás e petróleo no país, e ameaçou radicalizar os protestos.

A decisão dos manifestantes confirmou anúncio do líder da esquerda e dos cocaleros, Evo Morales, feito horas antes, quando disse que os grupos de protestantes ligados ao MAS (Movimento ao Socialismo, de oposição) interromperiam suas manifestações.

"Nós vamos suspender os protestos, gradativamente, porque os camponeses precisam voltar a trabalhar para viver. Mas vamos dar a Rodríguez dez dias de prazo para anunciar o pleito geral ou voltaremos a bloquear as estradas", disse o líder dos camponeses, Roman Loayza, que representa os indígenas de Santa Cruz de la Sierra, Tarija, Cochabamba e outras localidades.

Paolo Aguilar/EFE
Presidente Rodríguez durante sua chegada à capital La Paz
Rodríguez, que presidia o supremo Tribunal de Justiça, foi designado sucessor constitucional do demissionário Carlos Mesa, devido à renúncia dos presidentes das duas câmaras do Congresso, Hormando Vaca Díez e Mario Cossío.

Após uma breve reunião com seus ex-colegas do Supremo Tribunal , Rodríguez pediu aos setores que protagonizam os protestos uma trégua, para poder dar início a sua gestão.

Tomara "que os bolivianos marchemos em paz", declarou Rodríguez aos jornalistas diante da Corte Suprema.

A exemplo do que fez nesta quinta-feira, Rodríguez voltou a "invocar o sentido de irmandade e de paz, para que seja possível trabalhar pela solução dos conflitos que paralisam a Bolívia há quase um mês".

O novo presidente indicou que "ainda é cedo" para conhecer os nomes de seus próximos colaboradores no governo, que provavelmente terá seis meses de duração, até que sejam realizadas eleições gerais.

Logo nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira, Rodríguez recebeu o chefe do departamento de Chuquisaca, Carlos Cortés, para tomar conhecimento de situação no distrito, um dos nove do território nacional.

Fora da política

O ex-presidente Mesa afirmou nesta sexta-feira que também desejava a diminuição da tensão social na Bolívia, e questionou o papel da imprensa na crise. Mesa descartou, por enquanto, a idéia de continuar na política.

"Depois de estar 20 meses aqui, não sei se alguém gostaria de voltar ao palácio. Passamos, e constam a vocês, momentos muito duros nos quais as mobilizações estiveram incluídas a ponto de tomar a praça [onde fica a sede do governo]", afirmou.

Mesa disse "lamentar profundamente" a morte de um mineiro ocorrida nesta quinta-feira, quando chegava a Sucre, e elogiou seu ministro de Governo, Saul Lara, e a polícia. "Nos empenhamos no respeito à vida humana e creio que cumprimos nosso propósito, esse é um legado que deixamos para o futuro [governante]", afirmou.

"Creio que a tensão deve diminuir paulatinamente. O presidente Rodríguez é um homem de atitudes positivas e, sobretudo, de princípios democráticos muito fortes", disse Mesa na saída do palácio de governo.

Mesa disse lamentar que os movimentos sociais tivessem "passado da linha da qual nunca deveriam passar, o da perda do sentido do humanismo". "Não se pode cortar o direito à alimentação, o direito a viver a toda uma cidade. Isso não ocorre nem nas guerras", declarou à agência de notícias Ansa.

O ex-presidente chegou ao palácio presidencial em seu veículo particular para retirar alguns objetos pessoais e entregar o despacho a seu sucessor, Rodríguez, que já está em La Paz.

Mesa propôs uma reflexão sobre o papel dos meios de comunicação no país. "Apesar de contribuírem à democracia, creio que valerá a pena ver como manejaram e qual foi o papel que cumpriram nestes tempos de crise."

Com agências internacionais

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