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04/02/2006 - 09h38

Sobreviventes de naufrágio chegam a porto egípcio

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da Folha Online

Cerca de 140 sobreviventes do naufrágio do navio Al Salam Boccaccio 98, que aconteceu na madrugada de ontem no mar Vermelho, chegaram na manhã deste sábado ao porto egípcio de Hurghada. Cerca de 1.400 passageiros estavam a bordo, em sua maioria trabalhadores egípcios que vinham da Arábia Saudita.

Até o momento, autoridades egípcias confirmaram 185 mortos e 324 sobreviventes --algumas agências de notícias falam em 389 passageiros resgatados com vida. As buscas pelos desaparecidos continuam.

Efe
Sobreviventes chegaram ao porto enrolados em cobertores
Sobreviventes chegaram ao porto enrolados em cobertores
O primeiro grupo de passageiros a desembarcar era formado por pessoas descalças, que tremiam de frio e estavam enroladas em cobertores. Elas entraram em ônibus e foram levadas para hospitais próximos.

A agência de notícias Associated Press, que divulgou a notícia, não informa onde estão os outros sobreviventes ou se eles serão encaminhados para o mesmo porto.

Os passageiros afirmaram que, pouco depois da partida, uma parte da embarcação pegou fogo. O ministro dos Transportes do Egito, Mohammed Lutfy Mansour, afirmou hoje pela manhã que o incêndio foi "pequeno". Segundo ele, especialistas trabalham para identificar a origem do fogo, e descobrir se este problema está relacionado ao naufrágio.

Depoimentos

"O fogo começou cerca de uma hora e meia após a partida, mas os responsáveis pelo navio decidiram continuar a viagem", afirmou Nabil Zikry, ao desembarcar em Hurghada. Policiais tentaram evitar que os sobreviventes falassem com os jornalistas presentes no local.

O egípcio Ahmed Elew disse ter alertado membros da tripulação sobre o fogo, e foi convocado a tentar apagá-lo, com mangueiras. "Depois de algum tempo, houve uma explosão". Quando a embarcação começou a afundar, Elew pulou na água e nadou durante horas. Ele viu um barco salva-vidas virar, pois levava muita gente.

"As pessoas estavam afundando e morrendo em volta de mim. Quem é responsável por isso? Alguém não fez seu trabalho da maneira como deveria", disse o egípcio que conseguiu se salvar ao subir em um pequeno bote.

Muitos dos passageiros gritaram, expressando sua raiva pela demora do resgate. "Eles nos deixaram na água durante 24 horas. Um helicóptero ficou voando sobre nós, em círculos, mas nos ignorou. Nossas vidas são as mais baratas do mundo", gritou um homem.

Resgate

Duas unidades navais egípcias foram enviadas ontem para a área do naufrágio e continuam suas buscas por desaparecidos --são cerca de 900. O ministro egípcio dos Transportes pediu às autoridades sauditas que também enviassem com urgência barcos de resgate. A Marinha britânica desviou para a região do naufrágio o navio HMS Bulwark, anunciou o Ministério da Defesa em Londres.

O diretor da Autoridade Portuária do mar Vermelho, Mahfuz Taha, foi o primeiro a anunciar o naufrágio, e disse que havia sobreviventes. "O navio naufragou a 57 milhas náuticas de Hurghada [localidade turística próxima a Safaga] (...) Um helicóptero localizou botes de salvamento com pessoas a bordo." Os helicópteros egípcios também localizaram corpos flutuando no mar, a 50 milhas náuticas de Safaga.

O governador da região do mar Vermelho, Bakr al Rachidi, criou uma célula de crise em Safaga e decretou estado de emergência nos hospitais locais. Segundo a agência governamental Mena, familiares dos passageiros começam a chegar a Safaga.

Já o presidente egípcio Hosni Mubarak exigiu nesta sexta-feira uma investigação urgente sobre o naufrágio. "O presidente Mubarak quer que seja realizada uma investigação urgente para determinar as causas do naufrágio do Al Salam 98 e saber até que ponto a embarcação e outros navios idênticos cumprem com os critérios de segurança", informou seu porta-voz, Soleimán Awad, na televisão egípcia.

Segundo ele, "a rapidez do naufrágio e o fato de que não teria a bordo um número suficiente de botes salva-vidas confirmam que havia um problema, mas não podemos prejulgar os resultados da investigação".

Empresa

Por enquanto, o incêndio é a única pista sobre a causa do naufrágio da embarcação da companhia marítima Al Salam Maritime Transport, com sede no Cairo. "O Al Salam 98 estava dentro das normas de segurança internacionais", afirmou Andrea Odone, representante da companhia. Com 118 metros de comprimento e construído em 1970, o navio tinha bandeira panamenha.

Segundo Odone, o número de passageiros era inferior ao máximo permitido. "Enviamos para o local três de nossos navios que atravessavam o mar Vermelho", informou.

Um navio da mesma companhia colidiu no último dia 17 de outubro com um cargueiro cipriota em frente a Port-Toufic, a 10 km de Suez, causando quatro mortes. Procedente da Arábia Saudita, ele transportava 1.466 pessoas, a grande maioria peregrinos egípcios. O capitão foi preso e acusado de homicídio culposo pela Justiça egípcia.

Em dezembro de 1991, cerca de 500 pessoas morreram no naufrágio de outra embarcação egípcia, o Salem Express. A investigação oficial apontou um erro de navegação do capitão, que morreu na tragédia.

Com agências internacionais

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