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29/07/2006 - 23h51

Rice quer projeto de cessar-fogo na 4ª; Israel e Hizbollah mantêm ataques

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da Folha Online

A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, afirmou neste sábado esperar que um projeto de acordo com as principais condições para um cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista libanês Hizbollah comece a ser negociado na próxima quarta-feira. A declaração foi feita após reunião com o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert. O encontro ocorre no mesmo dia em que o Hizbollah ameaçou intensificar os ataques contra cidades centrais de Israel, e o governo israelense recusou a trégua de três dias proposta pela ONU para fins humanitários.

Rice, que também conversou com a ministra israelense de Relações Exteriores, Tzipi Livni, afirmou a jornalistas que "as negociações serão duras, mas que se deve dar para receber", em referência ao fato de que ambos os lados devem ceder para conseguir alcançar seus objetivos. "Eu presumo e tenho motivos para acreditar que os líderes dos dois lados que enfrentam a crise gostariam de ver o fim dela", disse ela segundo o jornal israelense "Haaretz".

Reuters/Divulgação Israel
Primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, conversou hoje com Condoleezza Rice
Primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, conversou hoje com Condoleezza Rice
O plano de Rice para findar os ataques contempla o estendimento da atuação de uma força multinacional de paz no sul do Líbano (tropas entre 10 mil e 30 mil homens), uma trégua do grupo terrorista libanês Hizbollah, a libertação dos soldados israelenses seqüestrados (o estopim do conflito foi o seqüestro de dois soldados levado a cabo pelo Hizbollah, no último dia 12), a devolução ao Líbano de uma área ocupada por Israel e a reconstrução do Líbano. As informações são de segundo um funcionário da diplomacia americana que falou sob a condição de manter-se no anonimato.

A secretária americana também classificou como um "passo positivo" o fato de representantes do Hizbollah e do governo libanês terem chegado a um possível acordo (ainda segundo o "Haaretz") visando o fim do conflito, que já dura 18 dias.

A proposta incluiria o cessar-fogo imediato e a expansão da presença das forças da ONU (Organização das Nações Unidas) no país. Esta seria a primeira vez que o Hizbollah concordaria com uma proposta para encerrar a crise que inclui o desdobramento das forças da ONU e o desarmamento de guerrilheiros.

Ao falar à imprensa, Rice também elogiou o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, por convencer o Hizbollah a ceder. "O mais importante no processo é a prova de que o governo do Líbano está funcionando como um governo efetivo. Isso é algo importante para ele próprio", disse.

Neste domingo, Rice conversará com com o ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, e o chefe das forças armadas, Dan Halutz. Ainda não se sabe se a segunda viagem de Rice ao Oriente Médio em poucos dias incluirá uma nova escala em Beirute.

Ameaças

Apesar da disposição e confiança no acordo de Condoleezza Rice, ela chegou a Israel no mesmo dia em que o governo do país rejeitou a proposta de uma trégua de três dias, proposta pela ONU, entre o seu Exército e o Hizbollah. A trégua seria para permitir o atendimento às vítimas do conflito e o envio de comida e medicamentos ao sul do Líbano.

Issam Kobeisy/Reuters
Família libanesa confere estragos causados após ataque de Israel neste sábado
Família libanesa confere estragos causados após ataque de Israel neste sábado
"Israel não pode aceitar um cessar-fogo com o Hizbollah porque essa organização terrorista aproveitaria a oportunidade para concentrar os civis nas zonas de combate com o objetivo de utilizá-los como escudos humanos", afirmou Gideon Meir, alto funcionário do ministério israelense das Relações Exteriores.

Para Israel, é o Hizbollah que tem impedido a chegada de ajuda humanitária ao Líbano a fim de provocar uma crise e culpá-lo por ela. O país convidou a ONU a checar o envio de ajuda humanitária.

Por sua vez, o secretário-geral do grupo terrorista Hizbollah, Hassan Nasrallah, prometeu neste sábado, em discurso transmitido pela rede de televisão Al Manar, atacar mais cidades do centro de Israel caso o Líbano continue a ser atacado. Ontem, o Hizbollah disparou um míssil com cem quilos de explosivos contra a cidade de Afula.

"O bombardeio a Afula é o início de uma etapa, e há muitas cidades no centro [entre Afula e Haifa] que serão [atacadas] na próxima investida caso continue a agressão caótica contra o nosso povo", afirmou Nasrallah. Em nenhum momento o secretário do Hizbollah se referiu a um possível cessar-fogo.

Ataques

No Líbano, as tropas terrestres israelenses que entraram nos últimos dias no sul do país retornaram neste sábado ao vilarejo de Marun al Ras --que está sob controle de Israel desde 23 de julho--, ponto a partir do qual tentam, há uma semana, acabar com a resistência dos combatentes do Hizbollah entrincheirados em Bint Jbeil.

Sem chances de trégua imediata, a região de Bint Jbeil, reduto do Hizbollah que fica a apenas três quilômetros de Marun al Ras, voltou a ser submetida a intensos bombardeios neste sábado: 350 obuses de morteiro foram disparados contra a cidade --que antes da ofensiva israelense tinha 40 mil habitantes-- e contra dois vilarejos próximos, Aitarun e Ainata.

De acordo com números da polícia libanesa, aviões israelenses realizaram 120 ataques contra alvos no Líbano nas últimas 36 horas. Pelo menos 12 civis morreram em bombardeios. Uma mulher e seus cinco filhos foram mortos num ataque perto da cidade de Nabatiyeh. Mais seis civis morreram em ataques realizados por helicópteros israelenses contra o povoado de Ain Arab, perto de Ghajar, localidade ocupada parcialmente por Israel.

Também neste sábado, aviões israelenses dispararam três mísseis a 300 metros de um prédio da alfândega na fronteira sírio-libanesa, em Masnaa, próximo do vale do Bekaa, do lado do Líbano.

Ammar Awad/Reuters
Soldados israelenses em local atacado pelo grupo terrorista libanês Hisbiollah
Soldados israelenses em local atacado pelo grupo terrorista libanês Hizbollah
O ataque forçou o fechamento da fronteira nos dois sentidos pela primeira vez desde que começou o conflito --é por ela que chega ajuda humanitária ao Líbano e é por ela também que dezenas de milhares de libaneses fugiram para a Síria nos últimos dias. A ação não deixou feridos e danificou dois carros.

Segundo balanço, mais de 750 mil pessoas estão desabrigadas no 18º dia de conflito no sul do Líbano.

O Hizbollah, por sua vez, lançou mais de 90 mísseis contra o norte de Israel, ataques que deixaram pelo menos 20 pessoas feridas, entre soldados e civis. O Hizbollah disparou até agora 1.646 foguetes (em geral Katyushas) contra Israel, dos quais 432 causaram 19 mortes entre civis ao cair em regiões habitadas.

A polícia israelense calculou em 26 as pessoas gravemente feridas, em 40 os pacientes graves, em 350 os que sofreram ferimentos leves e em 677 os que apresentaram choque pós-traumático. De todos, 43 continuam hospitalizados.

O estopim do conflito foi o seqüestro de dois soldados israelenses pelo Hizbollah no último dia 12. Desde o início dos confrontos, a violência já deixou cerca de 465 mortos no Líbano --entre eles, mais de 380 civis, 40 soldados libaneses e 35 terroristas-- e mais de 52 mortos em Israel, sendo 19 civis. Entre os mortos no Líbano, há sete cidadãos brasileiros, três deles crianças.

Com agências internacionais

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