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Do mesmo modo que sou entusiasta das secretárias de carne, osso e voz, embirro com as ditas eletrônicas. Não as tenho, não pretendo tê-las e nutro progressiva antipatia por quem as cultiva. Dou um azar desgraçado, pois quanto mais estou com pressa, mais esbarro com essas maquininhas infernais.
Outro dia, precisei contatar um advogado que defende uma causa coletiva na qual me arrolaram. Atendeu-me o próprio através de seu aparato eletrônico. Antes, porém, ouvi obrigatoriamente os primeiros acordes da protofonia de Il Guarany numa gravação até que razoável, mas que não consegui identificar.
Com voz possante, voz de orador de efeméride cívica, ouvi compulsoriamente o seu discurso introdutório:
"Aqui fala do escritório do Dr. Fulano de Assis e Toras y Toras. No momento, motivado por força maior, não posso atendê-lo pessoalmente, mas o faço por meio desta secretária eletrônica. Tão logo liberado do emergencial compromisso, empenho-me em dar-lhe o competente retorno. Para isso, deixe o nome, telefone, se necessário o fax, endereço e assunto, preferencialmente detalhado. Esclareço para sua melhor compreensão que se a ligação for interurbana ou internacional, não serão aceitas chamadas a cobrar. Ao ouvir o sinal convencionado, que consta de três ruídos breves, seguidos de um longo, deixe com voz clara e pausada a sua mensagem. Por favor, seja breve".
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