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  20 de junho
  Uma receita para o Brasil
  FHC e os que o rodeiam costumam desqualificar os detratores do governo dizendo que só sabem criticar. Na hora de oferecer sugestões, enfiam a viola no saco e saem de fininho. São, em sua maioria, engenheiros de obras feitas, como se diz.
Hoje, oferecerei um conjunto de propostas. Quase um plano de governo. Não ganho para isso. Mas, que diabo, cansei de ser insultado.
Tudo é muito simples. Mais simples do que se imagina. A saída para o Brasil depende, em primeiro lugar, de um bom diagnóstico. É preciso ter uma visão correta dos problemas. Para poupar tempo, evitando longas e desgastantes discussões, recomenda-se a leitura dos livros de um tal Fernando Henrique Cardoso. Consta que o autor já não está entre nós. Teria sumido em 1994. Mas a obra que deixou é irrepreensível.
Obtido o diagnóstico, basta costurar um bom plano de ação. Precisa ser muito bem feito. E deve ter um sentido patriótico. Está bem, está bem, não restam muitos patriotas no Brasil. Mas, procurando, sempre se pode achar dois ou três.
O Plano Real não serve. Não que seja ruim. É até bonzinho. Conteve a inflação e blábláblá. Mas seu sucesso definitivo depende da capacidade do brasileiro de ficar sem comer por mais algum tempo. Talvez uma década. E o povo, como se sabe, não é dado a sacrifícios.
O governo poderia tentar aprovar no Congresso uma lei revogando o abominável hábito do brasileiro de querer três refeições ao dia. Mas, com aquele abdômen espetado, é improvável que o ACM tope. Outro que pode pegar em armas é o Delfim Netto. Melhor não arriscar.
Elaborado o plano patriótico, bastaria buscar o voto altruísta dos parlamentares, a cooperação desinteressada da banca internacional, o apoio abnegado dos empresários e a colaboração desprendida dos empregados e das corporações.
Pode demorar um tempo para convencer toda essa gente. Nesse intervalo, é possível que aumente a onda de violência.. Mas, calma. Não há razão para derrotismo. Bem ao contrário.
É certo que cresce o número de assaltos. Mas, para utilizar um raciocínio do economicismo neoliberal, se há assaltos em quantidade é porque, por ora, estão preservadas as leis de mercado.
Ou seja, assim como só há desempregados porque faltam empregos, os assaltantes existem porque há assaltáveis dando sopa. A oferta é ainda é capaz de atender à demanda, se é que me entende. Não entende? Pois então esqueça. Os raciocínios economicistas neoliberais não foram feitos para ser entendidos.
Sempre há o risco de o governo não conseguir pôr em prática o plano patriótico. Neste caso, teremos mesmo de insistir com o Real. Seremos forçados a buscar saídas para encruzilhadas como a dos juros lunares, a da dívida pública indecente, a dos superávits comerciais pífios e a do crescimento econômico risível.
São problemas graves, que exigem soluções engenhosas. Como a demissão de Pedro Malan, por exemplo. Sim, sim. É preciso afastar o ministro.
Demitido, Malan viraria articulista de jornal (todo ex-ministro da Fazenda, quando não vira presidente, converte-se em articulista), ficaria repentinamente inteligente e incluiria em seus textos fórmulas e soluções à farta. Bastaria a FHC seguir as orientações de seu ex-ministro.
E não se diga mais que me limito às críticas.


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13/06/2000 - (A)normalidade do Cotidiano
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30/05/2000 - Forças Armadas e (talvez) Corruptas
23/05/2000 - A locomotiva do atraso
16/05/2000 - Fernando Henrique para presidente


 


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