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Diego
Medina
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O
Pan-Americano de Clubes é uma competição
desmoralizada, disputada por equipes de aluguel e pontuada por
estrelas em fim de carreira. Não costuma merecer crédito
nem consideração.
Mas não é o caso, pelo menos para o Brasil, da última
edição do torneio, disputada no final de outubro
no Uruguai. A participação bisonha das equipes nacionais
catalisou reflexões necessárias sobre o basquete
nacional.
Para muitos que vivem o (e do) esporte, caiu a "ficha".
Finalmente perceberam a estagnação que abate as
quadras do país.
Afinal, o todo-poderoso Vasco, base da seleção brasileira,
numa prova da falta de competitividade e relevância do Estadual
do Rio, tomou cascudos sucessivos até terminar em quinto
(entre oito times).
Resultado: até o sempre positivo Hélio Rubens anda
reticente.
Nas últimas semanas, o técnico da seleção
e do Vasco pipocou declarações de preocupação
quanto à participação do masculino em Atenas-2004.
É isso. Nem mesmo os Jogos de Sydney acabaram, estamos
a dois anos do Mundial de Indianápolis (a primeira etapa
da classificação olímpica), e o choro começou.
O pior é que está certo. Todo mundo largou à
nossa frente.
Pesquisa minuciosa do jornalista Fabio Zambeli rastreou 35 argentinos
em ação no exterior.
Dois enfrentam o desafio da NBA: o ala-pivô Ruben Wolkowyski,
que já assinou por dois anos com o Seattle, e o armador
Pepe Sanchez, que na última hora cavou uma vaga no Philadelphia.
Dez lapidam o jogo na Espanha, oito na primeira divisão
destaque para Fabricio Oberto (Tau) e Ariel Eslava (Real Madrid).
A maioria encara o campeonato nacional mais duro da Europa, o
Italiano.
São 17 jogadores, 15 na divisão de elite. Hugo Sconochini
e Emanuel Ginóbili atuam pelo Kinder Bologna, um dos favoritos
ao título da Euroliga.
O Brasil ignora os intercâmbios. Se não me falha
a memória, do primeiro escalão do basquete nacional,
apenas o ala Guilherme Joanoni arrisca a pele na Espanha. Janjão,
que refinou o jogo e a cintura na Itália, capitulou e agora
desfruta o veraneio vascaíno.
No país, soltamos fogos de artifício quando promessas,
como Diego e João Paulo, descolam time para disputar o
Estadual...
A CBB fortaleceu o Nacional? Pois dá vergonha dele, se
comparado ao Argentino (competitividade, torcida, ginásios,
calendário... escolha o critério).
A CBB reativou a rotina das seleções de base? Pois
os vizinhos há anos investem nas categorias inferiores
e, em menos de dois anos, roubaram todos os títulos que
pertenciam aos brasileiros.
A CBB festejou o título do Pan-Americano de 99, importante
para devolver auto-estima ao basquete nacional? Pois a Argentina
enviou a Winnipeg uma seleção reserva, para que
jovens ganhassem experiência internacional.
Por essas e outras, não dá para acreditar em Atenas-2004.
Na realidade, como lembra Zambeli, a única chance de chegar
à Olimpíada é apostar nos arqui-rivais em
Indianápolis.
Se os argentinos ficarem entre os primeiros no Mundial, o continente
americano ganhará outra vaga nos Jogos. Aí, caberia
ao Brasil disputá-la com venezuelanos, dominicanos etc.
Que coisa.
NOTAS
Latino 1
A NBA abriu o campeonato com um recorde de 46 atletas nascidos
fora dos EUA. Nunca a América Latina teve tantos representantes:
seis, cinco deles calouros. Não há nenhum brasileiro.
Latino 2
O mexicano Eduardo Najera (Dallas) e o dominicano Felipe Lopez
(Washington) viraram titulares. Mas o destaque latino até
aqui é o pivô porto-riquenho Daniel Santiago (Phoenix),
com 6,3 pontos, 2,3 rebotes e 57,1% de precisão nos arremessos
em pouco mais de 12 minutos por jogo.
Latino 3
Outra vez, os Jogos Abertos do Interior causam a interrupção
do Paulista de basquete. Em vez de mofar nos ginásios,
treinando bandejas, o time masculino do Pinheiros programou amistosos
contra equipes universitárias na Flórida. Pelo menos
alguém está se mexendo.
E-mail:
melk@uol.com.br
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03/10/2000 - O jogo das porcentagens
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