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23/02/2004
-
05h03
da Folha de S.Paulo
Localizados a até três horas e meia de barco de Manaus, os hotéis de selva seduzem os turistas que querem estar literalmente no meio da exuberante vegetação e da fauna abundante do Amazonas.
Nesses hotéis, quase sempre os macacos dão as boas-vindas aos hóspedes, fazem gracinha e continuam circulando entre eles. Porém, para cruzar com primatas, cutias e pássaros, não é preciso escapulir da capital amazonense.
Na própria cidade de Manaus, há áreas verdes, chamadas fragmentos ecológicos --nada mais do que espaços remanescentes de florestas nativas da região ainda não derrubadas ou afetadas pela urbanização--, em que é possível observar primatas sem ter de recorrer aos passeios na selva. Mas determinadas espécies só são avistadas Amazônia adentro.
Em Manaus, é possível ver inesperadamente uma espécie ameaçada de extinção no bairro do Acariquara (nordeste da cidade), no bairro do Parque Dez de Novembro, nos arredoores da ex-colônia agrícola dos japoneses e no Mindu, o único parque público no centro da região urbana.
Com sorte, vê-se uma família ainda unida: o sauim-de-coleira (um tipo de sagüi), que se destaca por suas características exóticas. Sua orelha lembra a do Spock do seriado "Jornada nas Estrelas".
Segundo Marcelo Gordo, professor de ecologia da Universidade Federal do Amazonas, o sauim-de-coleira pesa de 350 g a 500 g, mede de 20 cm a 30 cm de altura e possui uma cauda longa que dá equilíbrio aos movimentos aéreos entre os galhos de ingás, cupuaçuzeiros e manguezais.
O bicho possui pêlos castanhos no corpo, e o nome popular vem da coleira branca que carrega em volta do pescoço, como se fosse uma echarpe felpuda, contrastando com a cor de sua cabeça e cauda, totalmente pretas.
Endêmico da região de Manaus e de seu entorno, o macaquinho corre perigo de extinção. Em sua homenagem e preservação, diversos projetos públicos organizados por ONGs, por um corpo acadêmico e por entidades públicas lutam para salvar a espécie e outros animais do extermínio.
Uma das formas de preservação do sauim-de-coleira e de outras espécies é garantir a manutenção dos tais fragmentos ecológicos, que proporcionam o espaço verde nativo e habitável aos animais silvestres em Manaus.
Além do parque do Mindu, o Jardim Botânico Adolpho Ducke, o campus universitário e as reservas ecológicas do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) são os principais espaços em conexão para proteger da extinção essa espécie. Interconectadas, essas áreas ajudam a frear a urbanização caótica.
Outros primatas, como o macaco-de-cheiro e o macaco-parauacu, que pesam cerca de 500 g e 2 kg, respectivamente, podem ser vistos também nesses locais. O macaco-parauacu macho, todo preto, tem manchas brancas na cabeça, e a fêmea é acinzentada.
Preguiças e preguiças-reais (mais raras) dividem o espaço com aves como araras, pica-paus e papagaios. Répteis como jacarés-tinja e coroas freqüentam os igarapés urbanos.
Também são visíveis nessas florestas "urbanas" tracajás (tipo de tartaruga da região), que convivem com cobras (coral, jararaca), e outros quadrúpedes, como cutias, cotiaras e esquilos.
O turismo rumo aos hotéis de selva pode ser um acesso para visitar e conhecer outras espécies, como o macaco-prego, o macaco-aranha e o macaco-barrigudo, que só podem ser encontradas em matas mais densas. Alguns especialistas, porém, criticam a manutenção de primatas nesses hotéis. Crêem que muitos dos macacos de cativeiro tornam-se dependentes por receber alimentos e passar por um processo de "humanização". Crescem nesses locais porque as mães foram caçadas.
Jardim Botânico de Manaus Adolpho Ducke: rua Uirapuru, s/nº, Parque do Mindu: rua Perimetral, s/nº.
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RAUL INUIda Folha de S.Paulo
Localizados a até três horas e meia de barco de Manaus, os hotéis de selva seduzem os turistas que querem estar literalmente no meio da exuberante vegetação e da fauna abundante do Amazonas.
JUca VArella/Folha Imagem |
Vista aérea do Ariaú Amazon Towers, que fica pendurado em palafitas a 20 m do solo na seca |
Nesses hotéis, quase sempre os macacos dão as boas-vindas aos hóspedes, fazem gracinha e continuam circulando entre eles. Porém, para cruzar com primatas, cutias e pássaros, não é preciso escapulir da capital amazonense.
Na própria cidade de Manaus, há áreas verdes, chamadas fragmentos ecológicos --nada mais do que espaços remanescentes de florestas nativas da região ainda não derrubadas ou afetadas pela urbanização--, em que é possível observar primatas sem ter de recorrer aos passeios na selva. Mas determinadas espécies só são avistadas Amazônia adentro.
Em Manaus, é possível ver inesperadamente uma espécie ameaçada de extinção no bairro do Acariquara (nordeste da cidade), no bairro do Parque Dez de Novembro, nos arredoores da ex-colônia agrícola dos japoneses e no Mindu, o único parque público no centro da região urbana.
Com sorte, vê-se uma família ainda unida: o sauim-de-coleira (um tipo de sagüi), que se destaca por suas características exóticas. Sua orelha lembra a do Spock do seriado "Jornada nas Estrelas".
Segundo Marcelo Gordo, professor de ecologia da Universidade Federal do Amazonas, o sauim-de-coleira pesa de 350 g a 500 g, mede de 20 cm a 30 cm de altura e possui uma cauda longa que dá equilíbrio aos movimentos aéreos entre os galhos de ingás, cupuaçuzeiros e manguezais.
O bicho possui pêlos castanhos no corpo, e o nome popular vem da coleira branca que carrega em volta do pescoço, como se fosse uma echarpe felpuda, contrastando com a cor de sua cabeça e cauda, totalmente pretas.
Endêmico da região de Manaus e de seu entorno, o macaquinho corre perigo de extinção. Em sua homenagem e preservação, diversos projetos públicos organizados por ONGs, por um corpo acadêmico e por entidades públicas lutam para salvar a espécie e outros animais do extermínio.
Uma das formas de preservação do sauim-de-coleira e de outras espécies é garantir a manutenção dos tais fragmentos ecológicos, que proporcionam o espaço verde nativo e habitável aos animais silvestres em Manaus.
Além do parque do Mindu, o Jardim Botânico Adolpho Ducke, o campus universitário e as reservas ecológicas do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) são os principais espaços em conexão para proteger da extinção essa espécie. Interconectadas, essas áreas ajudam a frear a urbanização caótica.
Outros primatas, como o macaco-de-cheiro e o macaco-parauacu, que pesam cerca de 500 g e 2 kg, respectivamente, podem ser vistos também nesses locais. O macaco-parauacu macho, todo preto, tem manchas brancas na cabeça, e a fêmea é acinzentada.
Preguiças e preguiças-reais (mais raras) dividem o espaço com aves como araras, pica-paus e papagaios. Répteis como jacarés-tinja e coroas freqüentam os igarapés urbanos.
Também são visíveis nessas florestas "urbanas" tracajás (tipo de tartaruga da região), que convivem com cobras (coral, jararaca), e outros quadrúpedes, como cutias, cotiaras e esquilos.
O turismo rumo aos hotéis de selva pode ser um acesso para visitar e conhecer outras espécies, como o macaco-prego, o macaco-aranha e o macaco-barrigudo, que só podem ser encontradas em matas mais densas. Alguns especialistas, porém, criticam a manutenção de primatas nesses hotéis. Crêem que muitos dos macacos de cativeiro tornam-se dependentes por receber alimentos e passar por um processo de "humanização". Crescem nesses locais porque as mães foram caçadas.
Jardim Botânico de Manaus Adolpho Ducke: rua Uirapuru, s/nº, Parque do Mindu: rua Perimetral, s/nº.
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