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14/07/2005
-
11h34
Enviada especial ao Pantanal (MS)
À primeira vista, o recém-chegado ao Pantanal observa uma paisagem aberta. O céu de 180º é de azul intenso --especialmente para quem chega de São Paulo, capital--, uma ou outra árvore se retorce para espiar o forasteiro, um lago anuncia que logo mais secará, dando lugar a um trecho de terra recortado em pedaços.
Os sons parecem difusos. O Pantanal é polifônico. De uma orelha à outra, ouvem-se pios, gritos, grasnadas e cantos.
Mas é difícil achar os bichos. Uns poucos são fáceis de ver: jacarés ficam parados boquiabertos nas corredeiras à espera de peixes, que caem direto nas suas goelas. Araras-azuis, ameaçadas de extinção, são abundantes por aqui e passam no céu em casais ou trios, gritando, enormes.
Mas e a onça, a anta, o tamanduá-bandeira e o tatu? E a infinidade de aves?
Para avistar esses animais é preciso treinar os olhos. E a melhor maneira de fazer isso é observando o modo de agir dos locais.
Os pantaneiros antes de mais nada são pacientes e argutos. Procuram pelos sinais dos bichos, em vez de querer logo dar de cara com eles. Além disso, têm um olhar mais afinado, que mira as copas das árvores, os arbustos, as áreas descampadas.
Esse talvez seja o maior aprendizado que se tem aqui: voltar o olhar para os detalhes. Não que isso descarte apreciar a paisagem como um todo. Mas, depois de embasbacar com o visual pantaneiro, após um tempo de estada na região, o viajante passa a procurar em galhos as caturritas. Volta os olhos para arbustos antes ignorados em busca de um rabicó, uma pata ou qualquer outro pedaço de algum animal. Busca ouvir sinais, sentir cheiros. Observa, paciente, as poças, para avistar os variados íbis, com seus bicos curvados, que parecem canudinhos.
A imensidão dessas paisagens, tomadas por grandes áreas abertas, convida à calma. Mas a angústia por conseguir ver os animais mais cobiçados não vai embora.
"Big five" do Pantanal
Assim como os safáris africanos, o Pantanal tem os seus "big five", os cinco animais mais cobiçados. São eles: a onça pintada --campeã de popularidade--, a sucuri, a onça-parda --também chamada de puma--, a jaguatirica e a anta --o maior mamífero original da América do Sul.
Todos esses são difíceis de ver. Mas o restante da fauna não deixa o visitante desapontado.
Para ficar só nos pássaros, que atraem birdwatchers de todo o mundo à região, avistam-se garças-maguari --a maior garça da América do Sul, tuiuiús enormes e desengonçados, papagaios-verdadeiros, periquitos-de-cabeça-preta, araras-azuis e a glamourosa andorinha-do-rio, toda branca com detalhes em verde metálico. O tuiuiú, ave símbolo do Pantanal, é uma das maiores da América do Sul e encanta com a sua falta de elegância.
Entre os mamíferos, vêem-se tamanduás-bandeira aos montes, com aqueles rabos felpudos que parecem um cobertor, cutias fazendo jus à música infantil que diz "corre, cutia", pois, sempre que se avista uma, ela já saiu em disparada, lobinhos --espécie de cachorro-do-mato conhecido em inglês como raposa comedora de caranguejo--, tatus, capivaras.
Após ver tantos bichos, é quase possível esquecer que a onça não deu as caras.
Heloisa Lupinacci viajou a convite do Refúgio Ecológico Caiman e da Gol Linhas Aéreas Inteligentes
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HELOISA LUPINACCIEnviada especial ao Pantanal (MS)
À primeira vista, o recém-chegado ao Pantanal observa uma paisagem aberta. O céu de 180º é de azul intenso --especialmente para quem chega de São Paulo, capital--, uma ou outra árvore se retorce para espiar o forasteiro, um lago anuncia que logo mais secará, dando lugar a um trecho de terra recortado em pedaços.
Os sons parecem difusos. O Pantanal é polifônico. De uma orelha à outra, ouvem-se pios, gritos, grasnadas e cantos.
H.Lupinacci/Folha Imagem |
Poente no Pantanal sul-matogrossense |
Mas e a onça, a anta, o tamanduá-bandeira e o tatu? E a infinidade de aves?
Para avistar esses animais é preciso treinar os olhos. E a melhor maneira de fazer isso é observando o modo de agir dos locais.
Os pantaneiros antes de mais nada são pacientes e argutos. Procuram pelos sinais dos bichos, em vez de querer logo dar de cara com eles. Além disso, têm um olhar mais afinado, que mira as copas das árvores, os arbustos, as áreas descampadas.
Esse talvez seja o maior aprendizado que se tem aqui: voltar o olhar para os detalhes. Não que isso descarte apreciar a paisagem como um todo. Mas, depois de embasbacar com o visual pantaneiro, após um tempo de estada na região, o viajante passa a procurar em galhos as caturritas. Volta os olhos para arbustos antes ignorados em busca de um rabicó, uma pata ou qualquer outro pedaço de algum animal. Busca ouvir sinais, sentir cheiros. Observa, paciente, as poças, para avistar os variados íbis, com seus bicos curvados, que parecem canudinhos.
A imensidão dessas paisagens, tomadas por grandes áreas abertas, convida à calma. Mas a angústia por conseguir ver os animais mais cobiçados não vai embora.
"Big five" do Pantanal
Assim como os safáris africanos, o Pantanal tem os seus "big five", os cinco animais mais cobiçados. São eles: a onça pintada --campeã de popularidade--, a sucuri, a onça-parda --também chamada de puma--, a jaguatirica e a anta --o maior mamífero original da América do Sul.
Todos esses são difíceis de ver. Mas o restante da fauna não deixa o visitante desapontado.
Para ficar só nos pássaros, que atraem birdwatchers de todo o mundo à região, avistam-se garças-maguari --a maior garça da América do Sul, tuiuiús enormes e desengonçados, papagaios-verdadeiros, periquitos-de-cabeça-preta, araras-azuis e a glamourosa andorinha-do-rio, toda branca com detalhes em verde metálico. O tuiuiú, ave símbolo do Pantanal, é uma das maiores da América do Sul e encanta com a sua falta de elegância.
Entre os mamíferos, vêem-se tamanduás-bandeira aos montes, com aqueles rabos felpudos que parecem um cobertor, cutias fazendo jus à música infantil que diz "corre, cutia", pois, sempre que se avista uma, ela já saiu em disparada, lobinhos --espécie de cachorro-do-mato conhecido em inglês como raposa comedora de caranguejo--, tatus, capivaras.
Após ver tantos bichos, é quase possível esquecer que a onça não deu as caras.
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