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28/07/2005
-
11h36
Diretora-executiva da Folha Online
CAIO VILELA
Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Irã
A milenar Yazd surpreende com sua vibração e a improvável existência em meio a um deserto monótono e implacável. É fácil perder-se em seu labirinto de estreitas aléias, entre muralhas de tijolos dourados e paredes avermelhadas de adobe --e talvez seja esse o melhor meio de conhecer essa cidade-oásis, construída sobre uma imensa planície de areia.
Do topo dos minaretes da esguia mesquita Jame, que domina a paisagem da cidade velha, os telhados das construções baixas na periferia mesclam-se, em seus tons de terra, com os desertos de Lut e Kavir. Uma nuvem de poeira confunde os olhos, que mal conseguem distinguir as montanhas que dominam o horizonte a sudoeste e a nordeste, fechando o extenso vale.
Pela regra, apenas mulheres religiosas podem apreciar essa vista singular, embora alguns longos minutos de conversa com o guardião da mesquita e uma pequena gorjeta garantam às não-adeptas do islã o mesmo privilégio. É vetada aos homens a entrada para as claustrofóbicas escadarias que conduzem ao topo dos minaretes, os mais altos da Pérsia.
Resta a eles a opção de visitar o pátio central da mesquita, que presenteia o visitante com suas paredes adornadas com mosaicos de azulejos azuis e motivos geométricos. Ou ainda subir um dos minaretes da mesquita Amir Chakhmaq, que, apesar de mais baixos, são igualmente impressionantes --mesmo se vistos de baixo, refletidos no espelho-d'água propositalmente construído em frente ao complexo.
Excluídos mesquitas e seus minaretes, a silhueta plana de Yazd só é interrompida pelas tradicionais torres de vento que se erguem em direção ao céu, tentando capturar a mais leve brisa que possa aliviar o calor árido do deserto, em uma espécie de ar-condicionado natural. Sob o chão, túneis interligam antigos reservatórios de água e ajudam a refrescar as casas escondidas entre os muros de barro.
Mas o que torna Yazd realmente singular são seus templos de fogo, com chamas que queimam ininterruptamente há mais de 1.500 anos, embora nem sempre no mesmo lugar.
Zoroastrismo
Anteriormente à chegada do islã à Pérsia, surgiu ali, das pregações do profeta Zoroastro (também conhecido como Zaratustra), uma das mais antigas religiões monoteístas do mundo, o zoroastrismo. Baseada em teologia complexa e princípios simples, que pregam bons pensamentos, bom discurso e boas ações, tornou-se a crença dos lendários reis Dario e Ciro, que agradeciam ao deus da luz, Ahura Mazda, suas vitórias.
Acreditando que a alma deixa o corpo três dias após a morte, por séculos os zoroastristas abandonaram seus mortos à mercê das aves de rapina em duas pequenas elevações nos arredores de Yazd, conhecidas como "torres do silêncio". A prática foi abandonada no início do século 20, mas ainda hoje fragmentos de ossos humanos e ruínas de edifícios religiosos atraem turistas.
Para quem imagina que Yazd e sua antiga religião estão perdidos no tempo, vale lembrar que os zoroastristas defendem a igualdade entre os sexos, a preservação da natureza e a proteção aos animais e condenam qualquer tipo de opressão. Assim falou Zaratustra.
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ANA LUCIA BUSCHDiretora-executiva da Folha Online
CAIO VILELA
Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Irã
A milenar Yazd surpreende com sua vibração e a improvável existência em meio a um deserto monótono e implacável. É fácil perder-se em seu labirinto de estreitas aléias, entre muralhas de tijolos dourados e paredes avermelhadas de adobe --e talvez seja esse o melhor meio de conhecer essa cidade-oásis, construída sobre uma imensa planície de areia.
Caio Vilela |
Vista de Yazd a partir da mesquita Jame |
Pela regra, apenas mulheres religiosas podem apreciar essa vista singular, embora alguns longos minutos de conversa com o guardião da mesquita e uma pequena gorjeta garantam às não-adeptas do islã o mesmo privilégio. É vetada aos homens a entrada para as claustrofóbicas escadarias que conduzem ao topo dos minaretes, os mais altos da Pérsia.
Resta a eles a opção de visitar o pátio central da mesquita, que presenteia o visitante com suas paredes adornadas com mosaicos de azulejos azuis e motivos geométricos. Ou ainda subir um dos minaretes da mesquita Amir Chakhmaq, que, apesar de mais baixos, são igualmente impressionantes --mesmo se vistos de baixo, refletidos no espelho-d'água propositalmente construído em frente ao complexo.
Excluídos mesquitas e seus minaretes, a silhueta plana de Yazd só é interrompida pelas tradicionais torres de vento que se erguem em direção ao céu, tentando capturar a mais leve brisa que possa aliviar o calor árido do deserto, em uma espécie de ar-condicionado natural. Sob o chão, túneis interligam antigos reservatórios de água e ajudam a refrescar as casas escondidas entre os muros de barro.
Mas o que torna Yazd realmente singular são seus templos de fogo, com chamas que queimam ininterruptamente há mais de 1.500 anos, embora nem sempre no mesmo lugar.
Zoroastrismo
Anteriormente à chegada do islã à Pérsia, surgiu ali, das pregações do profeta Zoroastro (também conhecido como Zaratustra), uma das mais antigas religiões monoteístas do mundo, o zoroastrismo. Baseada em teologia complexa e princípios simples, que pregam bons pensamentos, bom discurso e boas ações, tornou-se a crença dos lendários reis Dario e Ciro, que agradeciam ao deus da luz, Ahura Mazda, suas vitórias.
Acreditando que a alma deixa o corpo três dias após a morte, por séculos os zoroastristas abandonaram seus mortos à mercê das aves de rapina em duas pequenas elevações nos arredores de Yazd, conhecidas como "torres do silêncio". A prática foi abandonada no início do século 20, mas ainda hoje fragmentos de ossos humanos e ruínas de edifícios religiosos atraem turistas.
Para quem imagina que Yazd e sua antiga religião estão perdidos no tempo, vale lembrar que os zoroastristas defendem a igualdade entre os sexos, a preservação da natureza e a proteção aos animais e condenam qualquer tipo de opressão. Assim falou Zaratustra.
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