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08/09/2005
-
13h01
Enviado especial da Folha de S.Paulo à ilha de Páscoa
Ao fim do longo vôo de cinco horas e meia desde Santiago, o comandante anuncia a aterrissagem, e todos olham pela janela em busca da algum sinal de terra, mas nada se avista --a não ser o mar, mais próximo a cada instante.
Então o avião toca o solo, e a ponta da asa quase alcança a lateral de um morro --que mais tarde se descobrirá ser o Rano Kau, um dos maiores vulcões da ilha de Páscoa. A brisa do mar sopra sem cessar e avisa que estamos em uma porção de terra bem no meio do Pacífico.
O pequeno aeroporto tem a pista ornamentada com estátuas típicas e reserva surpresas logo na sala de desembarque, onde sorridentes senhoras nativas --nua, na língua local-- recepcionam os turistas com hei tiare --colares de seivo, a flor típica-- e cartazes coloridos, em que oferecem suas casas para hospedagem, carros para alugar etc. Está claro que não é um lugar de turismo de massa. Esse é só o primeiro sinal de que vamos encontrar um povo simpático e amistoso nessa ilha.
Peculiar, a ilha Rapanui --termo que designa a ilha, o povo e o idioma, ainda falado com orgulho pelos locais-- foi formada pela erupção de três vulcões já extintos --Maunga Terevaca, Rano Kau e Poike-- em uma superfície triangular de 176 km2, a 3.700 quilômetros da costa sul-americana, pouco abaixo do trópico de Capricórnio, com clima tropical marinho durante todo o ano.
O isolamento fez que os antigos habitantes acreditassem ser esse o único lugar habitado, e por isso batizaram a ilha de Te Pito O Te Henua, o umbigo do mundo, nome nativo na língua rapanui.
A comunidade mais próxima fica 2.075 km a oeste, na ilha de Pitcairn, famosa por ter sido palco em 1787 do Grande Motim, clássica história da tripulação do navio britânico HMS Bounty, que se rebelou contra o capitão Bligh e voltou à ilha, abandonando o comandante no mar.
A fisionomia do rapanui é bem característica e chama a atenção. Olhos puxados, pele bronzeada e alguns bem gordinhos deixam clara a origem de antepassados, que vieram, segundo a lenda, das ilhas Marquesas, a milhares de quilômetros a noroeste. É comum ver homens de cabelos compridos, cobertos de tatuagens, e mulheres com flores no cabelo, bem à vontade.
A temperatura é agradável durante o ano todo devido ao clima tropical marinho, entre 16ºC e 30ºC, mas é bom levar um agasalho leve para se proteger do vento durante a caminhada nos vulcões. Em maio, as chuvas são mais freqüentes, mas sempre passageiras. Em instantes o tempo se abre, e um belo sol pode surgir.
Astros
Os maiores atrativos são, sem dúvida, os altares de moai ou ahu, as famosas cabeças gigantes esculpidas por antepassados em rocha erigidas que guardam o maior mistério do lugar, e as histórias ou lendas contadas no convívio com os nativos. Ao todo, mais de mil esculturas nas variadas etapas de sua construção estão espalhadas por toda parte.
E não é preciso andar muito para encontrar algum. O melhor pôr-do-sol da ilha é avistado do setor cerimonial Tahai, onde está o ahu Ko Te Riku, que fica a poucos minutos da cidadezinha de Hanga Roa --onde vive a maior parte dos seus aproximadamente 3.000 habitantes.
A única vila pascoense abriga um pequeno porto de pescadores, onde também é possível encontrar algum veleiro forasteiro em busca de provisões --antes de seguir sua aventureira rota de circunavegação do globo.
O restante da ilha de Páscoa é um descampado imenso, onde se avistam dezenas de famílias nativas em passeios de fim de semana, modo que encontram para se integrar às tradições, uma verdadeira atividade social.
Se esse ponto isolado no meio do oceano Pacífico ainda não estava no topo da lista de prioridades de destino para as próximas férias, é bom saber que aqui se encontra uma terra enigmática e fascinante, cheia de lendas e tradições, que fica para sempre na memória de quem se aventura a descobri-la.
O editor-adjunto de Fotografia Gustavo Roth viajou a convite do Grupo Explora, do Hotel Ritz Carlton e da LAN.
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GUSTAVO ROTHEnviado especial da Folha de S.Paulo à ilha de Páscoa
Ao fim do longo vôo de cinco horas e meia desde Santiago, o comandante anuncia a aterrissagem, e todos olham pela janela em busca da algum sinal de terra, mas nada se avista --a não ser o mar, mais próximo a cada instante.
Então o avião toca o solo, e a ponta da asa quase alcança a lateral de um morro --que mais tarde se descobrirá ser o Rano Kau, um dos maiores vulcões da ilha de Páscoa. A brisa do mar sopra sem cessar e avisa que estamos em uma porção de terra bem no meio do Pacífico.
Gustavo Roth/Folha Imagem |
Visitantes observam moai do vulcão Rano Raraku |
Peculiar, a ilha Rapanui --termo que designa a ilha, o povo e o idioma, ainda falado com orgulho pelos locais-- foi formada pela erupção de três vulcões já extintos --Maunga Terevaca, Rano Kau e Poike-- em uma superfície triangular de 176 km2, a 3.700 quilômetros da costa sul-americana, pouco abaixo do trópico de Capricórnio, com clima tropical marinho durante todo o ano.
O isolamento fez que os antigos habitantes acreditassem ser esse o único lugar habitado, e por isso batizaram a ilha de Te Pito O Te Henua, o umbigo do mundo, nome nativo na língua rapanui.
A comunidade mais próxima fica 2.075 km a oeste, na ilha de Pitcairn, famosa por ter sido palco em 1787 do Grande Motim, clássica história da tripulação do navio britânico HMS Bounty, que se rebelou contra o capitão Bligh e voltou à ilha, abandonando o comandante no mar.
A fisionomia do rapanui é bem característica e chama a atenção. Olhos puxados, pele bronzeada e alguns bem gordinhos deixam clara a origem de antepassados, que vieram, segundo a lenda, das ilhas Marquesas, a milhares de quilômetros a noroeste. É comum ver homens de cabelos compridos, cobertos de tatuagens, e mulheres com flores no cabelo, bem à vontade.
A temperatura é agradável durante o ano todo devido ao clima tropical marinho, entre 16ºC e 30ºC, mas é bom levar um agasalho leve para se proteger do vento durante a caminhada nos vulcões. Em maio, as chuvas são mais freqüentes, mas sempre passageiras. Em instantes o tempo se abre, e um belo sol pode surgir.
Astros
Os maiores atrativos são, sem dúvida, os altares de moai ou ahu, as famosas cabeças gigantes esculpidas por antepassados em rocha erigidas que guardam o maior mistério do lugar, e as histórias ou lendas contadas no convívio com os nativos. Ao todo, mais de mil esculturas nas variadas etapas de sua construção estão espalhadas por toda parte.
E não é preciso andar muito para encontrar algum. O melhor pôr-do-sol da ilha é avistado do setor cerimonial Tahai, onde está o ahu Ko Te Riku, que fica a poucos minutos da cidadezinha de Hanga Roa --onde vive a maior parte dos seus aproximadamente 3.000 habitantes.
A única vila pascoense abriga um pequeno porto de pescadores, onde também é possível encontrar algum veleiro forasteiro em busca de provisões --antes de seguir sua aventureira rota de circunavegação do globo.
O restante da ilha de Páscoa é um descampado imenso, onde se avistam dezenas de famílias nativas em passeios de fim de semana, modo que encontram para se integrar às tradições, uma verdadeira atividade social.
Se esse ponto isolado no meio do oceano Pacífico ainda não estava no topo da lista de prioridades de destino para as próximas férias, é bom saber que aqui se encontra uma terra enigmática e fascinante, cheia de lendas e tradições, que fica para sempre na memória de quem se aventura a descobri-la.
O editor-adjunto de Fotografia Gustavo Roth viajou a convite do Grupo Explora, do Hotel Ritz Carlton e da LAN.
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