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Índios que vivem entre Brasil e Guiana Francesa criam jogos e brinquedos
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GABRIELA ROMEU
ENVIADA ESPECIAL AO OIAPOQUE (AP)
Os irmãos Uwen, 8, Yoan Panapii, 10, moram na Guiana Francesa e têm o Brasil na paisagem que aparece de sua janela.
O quintal desses indígenas palicures é a fronteira. Vivem à beira do rio Oiapoque, que divide terras brasileiras e guianenses.
Fotos Letícia Moreira/Folhapress | ||
Meninos do povo palicur brincam de "flechar" (mergulhar) no Oiapoque |
Fã do jogador da França Zinedine Zidane, Uwen fala pouco português na vilinha escondida no meio da mata onde mora, perto de Saint Georges, cidade guianense que faz fronteira com o lado brasileiro.
É em francês que ele explica como faz para construir papagaio (pipa) com tala de buriti, que é uma palmeira bem alta.
"Pira-garrafe"
As misturas da fronteira se refletem nas brincadeiras dos índios palicures. Uma delas é a "pira-garrafe". Pira é como se chama o pega-pega em alguns lugares da região Norte. E "garrafe" é pura invenção da fronteira --garrafa, em francês, é "bouteille".
Esse é um tipo de pega-pega em que os participantes têm que achar uma garrafa cheia de pedras lançada no mato ou no rio.
Na hora de brincar, a língua usada é o crioulo (uma mistura do francês com línguas que existiam na região), conta o poliglota Celilson Sedo Leôncio, 12, que fala também palicur, francês e português.
Mas, quando chegam outras crianças palicures, que vivem em aldeias no Brasil, a brincadeira acontece em palicur. "A gente fala um pouco numa língua, mistura com outra, dá certo", conta Celilson, com um leve sotaque francês.
Crianças brincam de palmas no Oiapoque |
Toque francês
Na foto ao lado, enquanto a mãe lava roupa na beira do rio Oiapoque, a indígena palicur Grazielle Vieira da Silva, 12, brinca de palmas. Ela canta versos em francês com sua irmã, Fábia, 9, que pouco entende português.
Brincadeira de caçar está no dia a dia
O cotidiano e o brincar estão sempre misturados no dia a dia das crianças caripunas da aldeia do Manga, no Oiapoque (Amapá).
"Aqui a criança tem liberdade de brincar com tudo o que faz parte da cultura dela", diz Edilena dos Santos, professora da aldeia.
É assim com o são-paulino Eduardo dos Santos, 9, que acompanha o pai para caçar porco caititu ou cutia.
A caça para garantir o almoço também entra na brincadeira com as baladeiras (estilingues) e as zarabatanas (lá, tubos feitos de plástico em que eles sopram pregos ou espinhos).
"Se ficar escondidinho, dá para pegar bicho que voa, dos grandes, com a zarabatana. Mas tem que ser rápido!", conta Eduardo.
Crianças brincam de subir no açaizeiro |
Tem açaí?
Ao ouvirem essa pergunta, os caripunas (foto ao lado) nem respondem.
Sobem rapidinho no açaizeiro e logo voltam com os lábios pretinhos e as mãos cheias de açaí.
"É bom com farinha", diz Taiana Silva, 9.
Bons amigos
Há palicures no Brasil e na Guiana Francesa. São conhecidos como "amigos dos franceses" pelos laços de amizade com imigrantes da França. "Antes de existirem os países, o povo já circulava nesse território. Não dá para falar de nacionalidade", diz a linguista Elissandra Barros.
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