Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
Conteúdo Gratuito
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
10/12/2011 - 08h00

Índios que vivem entre Brasil e Guiana Francesa criam jogos e brinquedos

Publicidade

GABRIELA ROMEU
ENVIADA ESPECIAL AO OIAPOQUE (AP)

Os irmãos Uwen, 8, Yoan Panapii, 10, moram na Guiana Francesa e têm o Brasil na paisagem que aparece de sua janela.

O quintal desses indígenas palicures é a fronteira. Vivem à beira do rio Oiapoque, que divide terras brasileiras e guianenses.

Fotos Letícia Moreira/Folhapress
Meninos do povo palicur brincam de "flechar" (mergulhar) no Oiapoque
Meninos do povo palicur brincam de "flechar" (mergulhar) no Oiapoque

Fã do jogador da França Zinedine Zidane, Uwen fala pouco português na vilinha escondida no meio da mata onde mora, perto de Saint Georges, cidade guianense que faz fronteira com o lado brasileiro.

É em francês que ele explica como faz para construir papagaio (pipa) com tala de buriti, que é uma palmeira bem alta.

"Pira-garrafe"

As misturas da fronteira se refletem nas brincadeiras dos índios palicures. Uma delas é a "pira-garrafe". Pira é como se chama o pega-pega em alguns lugares da região Norte. E "garrafe" é pura invenção da fronteira --garrafa, em francês, é "bouteille".

Esse é um tipo de pega-pega em que os participantes têm que achar uma garrafa cheia de pedras lançada no mato ou no rio.

Na hora de brincar, a língua usada é o crioulo (uma mistura do francês com línguas que existiam na região), conta o poliglota Celilson Sedo Leôncio, 12, que fala também palicur, francês e português.

Mas, quando chegam outras crianças palicures, que vivem em aldeias no Brasil, a brincadeira acontece em palicur. "A gente fala um pouco numa língua, mistura com outra, dá certo", conta Celilson, com um leve sotaque francês.

Crianças brincam de palmas no Oiapoque
Crianças brincam de palmas no Oiapoque

Toque francês

Na foto ao lado, enquanto a mãe lava roupa na beira do rio Oiapoque, a indígena palicur Grazielle Vieira da Silva, 12, brinca de palmas. Ela canta versos em francês com sua irmã, Fábia, 9, que pouco entende português.

Brincadeira de caçar está no dia a dia

O cotidiano e o brincar estão sempre misturados no dia a dia das crianças caripunas da aldeia do Manga, no Oiapoque (Amapá).

"Aqui a criança tem liberdade de brincar com tudo o que faz parte da cultura dela", diz Edilena dos Santos, professora da aldeia.

É assim com o são-paulino Eduardo dos Santos, 9, que acompanha o pai para caçar porco caititu ou cutia.

A caça para garantir o almoço também entra na brincadeira com as baladeiras (estilingues) e as zarabatanas (lá, tubos feitos de plástico em que eles sopram pregos ou espinhos).

"Se ficar escondidinho, dá para pegar bicho que voa, dos grandes, com a zarabatana. Mas tem que ser rápido!", conta Eduardo.

Crianças brincam de subir no açaizeiro
Crianças brincam de subir no açaizeiro

Tem açaí?

Ao ouvirem essa pergunta, os caripunas (foto ao lado) nem respondem.

Sobem rapidinho no açaizeiro e logo voltam com os lábios pretinhos e as mãos cheias de açaí.

"É bom com farinha", diz Taiana Silva, 9.

Bons amigos

Há palicures no Brasil e na Guiana Francesa. São conhecidos como "amigos dos franceses" pelos laços de amizade com imigrantes da França. "Antes de existirem os países, o povo já circulava nesse território. Não dá para falar de nacionalidade", diz a linguista Elissandra Barros.

 

Publicidade

As Últimas que Você não Leu

  1.  

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página