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Ópera "A Valquíria", de Wagner, estreia com elementos brasileiros
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IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No primeiro ato, um apartamento de uma moderna cidade brasileira, como São Paulo ou Rio de Janeiro; no segundo, os ex-votos de Aparecida do Norte (SP); e, no terceiro, as cavalhadas de Pirenópolis (GO).
Montagem tem ingressos esgotados em SP
O diretor cênico André Heller-Lopes encheu de signos brasileiros a encenação de "A Valquíria", de Richard Wagner (1813-1883), que estreia na próxima quinta no Theatro Municipal de São Paulo.
A ideia, contudo, foi fugir dos estereótipos mais óbvios de brasilidade.
"Não vai ter saci-pererê ou iara passeando pelo palco. Isso seria reduzir a ópera, e redução eu não faço", afirma o diretor, que, até 2014, pretende levar ao Municipal todas as óperas baseadas na mitologia nórdica que formam a tetralogia wagneriana "O Anel do Nibelungo".
Segunda das quatro óperas do "Anel", "A Valquíria" não é encenada em São Paulo desde 1959.
Zé Carlos Barretta/Folhapress | ||
Cenário de ex-votos sendo montado para "A Valquíria" |
Além da histórica ligação da cidade com a ópera italiana, uma ausência tão prolongada pode ser explicada, ainda, pelas demandas de concentração, fôlego e dificuldade técnica que as quatro horas de música representam para todos os envolvidos.
"Tanto regente quanto músicos e cantores são levados a uma prova de resistência física, técnica e mental em uma obra como 'A Valquíria'", explica o maestro Luiz Fernando Malheiro.
Ele regeu o título no Festival Amazonas de Ópera em 2002 e, desde então, transformou Manaus em um centro de referência em montagens de Wagner no Brasil.
"A preparação deve ser bastante cuidadosa, e o ideal é que o período de ensaios seja longo em dias, e não em horas para não levar os envolvidos a um ponto de exaustão que certamente implicará um rendimento insatisfatório nas apresentações."
"Pessoalmente, procuro me cuidar mais durante um período como este, cuidando um pouco da alimentação, evitando totalmente as bebidas alcoólicas durante o período de ensaios e de apresentações [até a noite da última récita] e dormindo pelo menos duas horas de sesta antes delas", conta.
O elenco traz nomes internacionais, como o alemão Stefan Heidemann (Wotan) e os norte-americanos Janice Baird (Brünnhilde) e Gregory Reinhart (Hunding), ao lado dos brasileiros Denise de Freitas (Fricka) e Martin Mühle (Siegmund).
"Após o período inicial de aprendizado da partitura, passei um período em Viena trabalhando diariamente com preparadores da Wiener Staatsoper, como David Aronson e, principalmente, Thomas Lausmann, um especialista em Wagner, que, inclusive, preparou Plácido Domingo para o Siegmund em Nova York", conta Mühle, que, para descansar a voz, preferiu dar seu depoimento à Folha por e-mail.
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