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10/12/2011 - 09h02

Ana Maria Machado vai evitar pompa e planeja levar ABL ao morro

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FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

Ana Maria Machado diz que foi impelida pelas circunstâncias a virar presidente da ABL (Academia Brasileira de Letras).

"Na verdade eu não queria inicialmente. Sou uma pessoa que escrevo ainda, tenho necessidade, publico muito", diz a carioca de 69 anos, eleita anteontem para o cargo.

É a segunda mulher a ocupá-lo, depois de Nélida Piñon, em 1997. A posse ocorre na próxima quinta-feira, na sede da ABL, no Rio.

Um acidente em maio com Marcos Vinicius Vilaça, presidente nos biênios 2006/07 e 2010/11, forçou Machado, secretária-geral, a assumir funções do titular, que fraturou a bacia numa queda.

Adriana Abujamra - 27.jul.11/Folhapress
A escritora Ana Maria Machado, presidente eleita da ABL, na sede da casa
A escritora Ana Maria Machado, presidente eleita da ABL, na sede da casa

"Não houve uma articulação para eu ficar. Mas é que havia um rodízio, outros já ficaram. Eu era a bola da vez."

Mas ela, com mais de cem títulos publicados para crianças e adultos, diz que ainda assim não vai parar de escrever. "Não faz sentido nenhum deixar de ser quem eu sou só porque estou lá. Para assumir isso estou tendo de acordar cada vez mais cedo e fugir nos finais de semana."

Para isso, conta, aposta que dividirá com sua diretoria eleita --Geraldo Holanda Cavalcanti (secretário-geral), Domício Proença Filho, Marco Lucchesi e Evanildo Bechara-- as funções mais "sociais", parte que considera mais custosa no cargo.

"Isso é muito penoso. Sou mais retraída. Não diria tímida, porque sou muito decidida [risos]. Mas não gosto muito, é só olhar minha vida. Quantas vezes você viu minha foto no jornal?"

Eleita por unanimidade, a escritora afirma que dará continuidade ao processo de abertura da ABL à sociedade executado por Vilaça e por Cícero Sandroni.

"[A ABL] saiu de uma imagem de um chazinho de velhinhos deixando cair farelo para a de uma instituição atuante, moderna, que recebe os mais diversos tipos de manifestações culturais", diz.

Ela se refere a atividades como homenagens a expoentes do futebol e do samba e realização de shows de MPB na sede da ABL.

Reclama que o processo "não tenha sido totalmente compreendido" pela imprensa, mas considera que, mesmo assim, "definitivamente, a imagem da casa de velhinhos não existe mais".

A abertura de sua gestão, ela revela, terá um viés mais social.

A escritora diz que fará parcerias com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora, vitrine do governador Sérgio Cabral) para construção de bibliotecas em áreas pobres.

O plano, segundo ela, inclui ceder um imóvel da ABL para a construção de um centro cultural em uma UPP.

Machado é diplomática ao abordar o a recorrente debate sobre os requisitos para se entrar na ABL --reavivado recentemente com a vitória do jornalista Merval Pereira sobre o escritor Antônio Torres.

Na visão da nova presidente, qual deve ser o perfil de um acadêmico? "Não tem outra resposta que um democrata possa dar a não ser: deve ser priorizado quem tiver mais votos", esquiva-se.

Entre os figurões que gostaria de ver na ABL, ela cita Ferreira Gullar, Dalton Trevisan, Rubem Fonseca, Antonio Candido, Oscar Niemeyer e Chico Buarque.

E Fernando Henrique Cardoso, sempre citado, mas que nunca concorreu? "Honraria muitíssimo a academia." É viável? "Cada eleição é uma coisa. Se for candidato e Niemeyer também, não ganha."

INFANTIL

Referência em literatura infantil, Machado saúda a vitalidade do segmento, um dos que mais crescem no mercado editorial brasileiro, e diz que ela decorre da qualidade do que é produzido no país.

"Nossa literatura infantil é original, sem preocupações didáticas nem moralistas e com capacidade de aliar crítica com a expansão da imaginação. Só a britânica se compara à nossa."

 

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