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Filme "Marley" conta a vida do homem por trás da lenda do reggae
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ELOI ROUYER
DA FRANCE PRESSE, EM BERLIM
Com "Marley", o cineasta escocês Kevin Macdonald ofereceu neste domingo à Berlinale um retrato completo em documentário do homem que se tornou lenda mundial do reggae, a partir de arquivos da família, muitos deles inéditos, e de centenas de horas de entrevistas.
Baviera, 1981. O astro, padecendo de um câncer generalizado, é atendido pelo doutor alemão Josef Iseles, adepto de um método de medicina alternativa. Várias fotos em preto e branco o mostram magro, em meio à neve.
Kevin Macdonald encontrou a enfermeira que o acompanhava nesta época. A idosa conta, em alemão, como era este homem "sempre amável e sorriente", em seus últimos dias de vida.
À imagem desta sequência, "Marley" tenta ir além do ícone para contar a vida de Robert Nesta Marley, nascido em 6 de fevereiro de 1945, em um pequeno povoado da Jamaica, e falecido no auge da fama, 36 anos depois, em 11 de maio de 1981, em Miami.
Kevin Macdonald trabalhou estreitamente durante um ano com familiares do músico, vários dos quais dão seu testemunho no filme para nos aproximar da biografia do autor de sucessos como "Jamming", "No woman no cry" e "Exodus".
"Muitas coisas já foram feitas sobre Bob, mas o que me parece importante neste filme é que vai dar um aspecto mais emotivo de sua vida como homem e não unicamente como lenda do reggae ou personagem mítico", explicou em uma entrevista o filho mais velho do astro, Ziggy, um dos produtores executivos do filme.
Reconhecido internacionalmente, sobretudo pelo filme "Um Dia em Setembro", sobre a tomada de reféns de atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique, filme ganhador do Oscar de melhor documentário em 2000, Kevin Macdonald escolheu uma forma clássica, alternando vídeos e fotos de arquivo com entrevistas, em um relato totalmente cronológico.
Seu desejo era ser "o mais convencional possível", como explicou no primeiro encontro com a família Marley, para permanecer colado à realidade.
A força do relato reside no que dizem os diferentes atores da vida de Bob Marley.
Com sua aparência de imperador rasta, Bunny Wailer, um dos últimos membros fundadores ainda vivos dos "Wailers", conta o início, quando o grupo, do qual também fazia parte Peter Tosh, gravava seus primeiros sucessos "por três libras esterlinas a semana".
Também fala do final de sua colaboração com Marley, em 1973.
Rita, a esposa do cantor, que teve 11 filhos com sete mulheres diferentes, revela os contornos de uma história de amor sem igual.
Músicos, produtores, amigos, primos, filhos, homens políticos, falam do Bob Marley que conheceram.
Para Macdonald, um dos aspectos mais importantes da lenda Bob Marley reside em sua origem mestiça. Nem negro, nem branco, "sempre se sentiu à parte", conta sua mulher.
A origem do título da canção "Cornerstone" é contado em um momento bastante emotivo. "A pedra que o construtor recusou será sempre a pedra angular", diz a canção, retomando um salmo da Bíblia.
Este estatuto de marginal permanente explica, sem dúvida, para Macdonald, uma parte da aura do cantor, venerado da Jamaica à África, da Europa à América.
"Para mim, Bob é realmente uma das grandes personalidades culturais do século XX. Não vejo que outro artista de música popular tenha tido um impacto tão duradouro quanto ele", concluiu McDonald, neste domingo, em declarações à imprensa.
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