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23/06/2012 - 04h39

Nova diretora abraça reorientação da Cosac Naify

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FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

É curioso ver alguém de uma família de artistas e com a vivência acadêmica de Florencia Ferrari se expressar com naturalidade em jargão corporativo.

Mas é dessa forma, recheando a conversa de expressões como "otimização de recursos", "plano de metas" e "controle dos processos internos", que a nova diretora editorial da Cosac Naify expõe as transformações por que passa a editora paulista.

Neta dos artistas plásticos argentinos Alicia e Léon Ferrari, nascida ela mesma há 35 anos naquele país (em Córdoba), Florencia veio ainda bebê para o Brasil.

Joel Silva/Folhapress
Florencia Ferrari na sede da editora, em São Paulo
Florencia Ferrari na sede da editora, em São Paulo

Formada em ciências sociais pela USP, fez mestrado e doutorado em antropologia pela mesma universidade (com um "doutorado-sanduíche" no University College de Londres). Na antropologia da USP, foi uma das fundadoras e editoras da extinta revista "Sexta-Feira".

Florencia chegou à Cosac em 2002, de início para editar o livro "A Inconstância da Alma Selvagem", de Eduardo Viveiros de Castro.

Seria contratada como editora-assistente por Augusto Massi, que presidiu por dez anos a casa e saiu em 2011. Ela coordenou o setor de antropologia da editora até abril passado, quando assumiu a direção editorial, na vaga de Cassiano Elek Machado.

Chega à função num momento em que a Cosac tenta se livrar do estigma de editora deficitária, de excelência editorial e gráfica, mas pouca viabilidade comercial.

Numa entrevista ao jornal "Valor Econômico" no início do ano, o fundador e presidente da editora, Charles Cosac, afirmou que uma auditoria em 2011 constatara um rombo de R$ 4,5 milhões na empresa e que ele fora obrigado a cobri-lo com dinheiro de sua família.

Sob a gestão do diretor-executivo Bernardo Ajzenberg, a Cosac cortou despesas, agilizou prazos e acaba de lançar uma coleção de bolso, com livrinhos que mantêm o primor de design e impressão, mas custam a partir de R$ 21,90 (como "O Amante", de Marguerite Duras e "O Africano", de Le Clézio).

Sem revelar valores, Florencia afirma que a Cosac tem para 2012 a perspectiva de, pela primeira vez em 25 anos, fechar o ano no azul.

"A editora nunca teve visibilidade e controle dos seus processos internos. Estamos com um controle mensal muito rígido, há otimização de recursos para tudo, as projeções são superpositivas."

Quanto aos planos para a seu novo cargo, a diretora diz que a casa deve repensar o conceito dos livros, para ela uma questão mais crucial que a restrição orçamentária.

"Há uma leitura superficial de que nossos livros são caros. O problema não é fazer livros caros em si, mas fazê-los para um estudante que não pode pagar por eles. Temos de saber qual o uso final do livro que oferecemos."

Casada há 13 anos com o arquiteto Martin Corullon, mãe de Violeta, 6, Florencia é uma estudiosa da cultura dos ciganos, tema de seus mestrado e doutorado e do livro de contos infantojuvenis "Palavra Cigana" (Cosac).

Ao realizar pesquisa de campo durante seis meses num acampamento dos ciganos Calon no interior de SP, teve problemas por sua beleza, provocando ciúmes nas mulheres da comunidade.

 

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