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29/06/2012 - 04h49

Análise: Na África como aqui, periferia mais tecnologia gera cena poderosa

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RONALDO LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Esqueça os estereótipos sobre o continente africano. A África "pós-tudo", que se conecta pela internet e pelo celular, não quer ser vista só como carência, mas também como potência.

É só pensar no curta de ficção científica "Pumzi", feito no Quênia, ou em candidatos a Vale do Silício africanos, como o ccHub na Nigéria ou o Activspaces em Camarões, com direito a fundo de "venture capital" próprio.

Nesse contexto, a música do mundo africano está em ebulição. De um lado, há os herdeiros do polêmico rótulo de "world music". Excelentes artistas como Amadou e Mariam ou Fatoumata Diawara já têm boa demanda em festivais globais de música, além de se beneficiarem de apoios governamentais, como recursos de missões diplomáticas e de intercâmbio cultural.

Por outro lado, há uma pluralidade de novas cenas musicais fora do radar. Muitas surgem acidentalmente, emergindo do "faça você mesmo", não por ideologia, mas como única opção para lidar com a precariedade.

Adicione a esse contexto a chegada da tecnologia e está pronto o coquetel explosivo.

Por exemplo, do norte da África vem o rock tuareg, representado por bandas como Tamikrest ou Tinariwen.

São a ponta de um iceberg (de areia!) de uma música que circula na prática por telefones celulares, trocada em postos comerciais nômades através da tecnologia bluetooth.

No Sul o destaque recente é o shangaan electro, que surgiu meio de brincadeira entre o povo tsonga. A invenção, que mistura batidas eletrônicas com ritmos tradicionais, foi parar no YouTube por causa dos Tshetsha Boys (com seus macacões laranja e máscaras de Halloween).

A partir daí estourou entre antenados e virou uma das cenas mais interessantes de qualquer lugar.

Quem pensou em analogia com o nosso tecnobrega acertou. O fenômeno é o mesmo: periferia mais tecnologia gerando cenas culturais poderosas, que se espalham viralmente. E não precisa nem de festival para isso.

 

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