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30/06/2012 - 05h48

Crítica: Osesp interpreta Beethoven com rara emoção

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SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA

"Ah, miserere nobis" ("ah, tende piedade de nós"): a terceira súplica do "Glória", primeiro entoada pelo coro, é respondida pelos quatro cantores solistas antes de embarcar em densa polifonia.

Mas um acorde fortíssimo, com o reforço dos três trombones, muda subitamente a harmonia de fá maior para dó sustenido menor, como se a súplica tivesse de sair das entranhas da alma pecadora.

Inverter a cronologia às vezes adiciona sentidos, e a programação da "Missa Solemnis", de Beethoven (1770-1827) --fechando o semestre da Osesp--, parece uma consequência das sinfonias de Brahms (1833-97) apresentadas na semana passada.

Os dois programas foram regidos pelo dinamarquês Thomas Dausgaard, músico refinado e minucioso, de carreira internacional ascendente e que havia feito uma ótima "Sinfonia nº 6" de Mahler aqui em 2010.

A "Missa" de Beethoven abrirá neste sábado (30) à noite o Festival de Inverno de Campos do Jordão. Ela conta com a boa fusão entre Coro da Osesp e Coral Paulistano (do Theatro Municipal) e eficientes solistas, embora a combinação de vozes não seja homogênea.

Trechos da grande obra sacra foram apresentados no mesmo concerto que estreou a famosa "Nona Sinfonia" (em maio de 1824 em Viena), o que ratifica a simultaneidade do trabalho do compositor nas duas obras.

O texto segue a estrutura das partes fixas da missa latina ("Kyrie", "Glória", "Credo", "Sanctus", "Agnus Dei"), mas sua abordagem é antes a do desamparo, dos fios soltos da subjetividade.
A arte de Beethoven se detém em cada palavra-chave e aposta na exploração musical para renovar os vínculos com o eterno.

Se na "Nona Sinfonia" os muros da expressão instrumental conduziriam ao uso da voz, na "Missa" os limites do verbal frequentemente deságuam na pura música, como no solo de violino do "Benedictus", feito com rara emoção pelo spalla Baldini.

Mais do que os tempos de guerra e paz do mundo, é a imagem de uma possível paz interior --conforme inscrição da partitura autógrafa-- o mote para acompanhar os 80 minutos da obra.

No dia da celebração de seu centenário, o concerto de quinta foi uma homenagem a Eleazar de Carvalho (1912-96), maior regente brasileiro.

Além do concerto de sábado em Campos, a "Missa Solemnis" terá mais uma performance na Sala São Paulo.

MISSA SOLEMNIS
QUANDO: domingo (1º/7), às 19h
ONDE: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, tel. 0/xx/11/3223-3966)
QUANTO: de R$ 44 a R$ 149
CLASSIFICAÇÃO: não informada
AVALIAÇÃO: ótimo

 

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