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Análise: Jovens autores brasileiros têm desafio de apontar onde buscar o leitor
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PAULO WERNECK
EDITOR DA "ILUSTRÍSSIMA"
O culto ao "jovem escritor" é uma febre mundial, à qual o Brasil não escapa, mas a inserção internacional dos nossos jovens autores ainda é lenta.
Vem daí o alvoroço para estar entre os 20 da "Granta" e ter a chance de assinar um contrato nos EUA, receber convites para festivais, ter resenhas, ganhar prêmios etc. E também a ciumeira, as acusações de "panelismo" e todo o fel destilado em até 140 caracteres das últimas duas semanas.
Na base, existe a crença de que a ficção de qualidade é vendável em escala internacional.
Mas qual será o real quinhão da ficção brasileira na cena literária globalizada?
O "jovem escritor" e crítico argentino Damián Tabarovsky polemizou no mundinho literário hispânico com o ensaio "La Literatura de Izquierda" (Beatriz Viterbo).
Em resumo, ele argumenta que, em nome de uma literatura vendável, filha da era neoliberal (1990), os "jovens autores" argentinos abandonaram o que tinham de mais poderoso: a inventividade e a radicalidade.
Romances ambiciosos passaram a dar lugar a narrativas realistas e lineares, sobretudo filmáveis.
No entanto, os esperados leitores não vieram.
A crítica Leyla Perrone-Moisés, atenta leitora da "jovem literatura", chamou a atenção recentemente para a "literatura exigente", isto é, aquela que "não dá mole para o leitor". E que, é claro, não vai "acontecer" comercialmente.
Zé Carlos Barretta/Folhapress | ||
Autores selecionados para a edicao brasileira da "Granta", (da esq. para dir.)Antonio Prata, Javier Arancibia, Leandro Sarmatz, Julian Fuks, Antonio Xerxenesky, Vinicius Jatoba, Miguel del Castillo e Emilio Fraia |
80 MIL LEITORES
Os editores alardeiam potenciais 80 mil leitores da "Granta - Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros".
É bem provável que, na soma das vendas de seus livros, os 20 da "Granta" não alcancem metade desse leitorado em português.
Foi apostando no "leitor exigente" --e não num realismo opaco, de estilo internacional-- que o chileno Roberto Bolaño aconteceu nos EUA e daí no mundo. Postumamente, é verdade.
Cabe aos 20 da "Granta", enquanto estão vivos --e jovens--, nos mostrar onde vão buscar seus leitores.
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