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14/08/2012 - 06h42

Crítica: Elenco é ponto alto em "O Crepúsculo"

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SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA

"Todos os deuses precisam morrer", escreveu o filósofo Nietzsche em 1870; 12 anos depois, ele radicalizaria a sentença: "Deus está morto". Exatamente entre ambas, em 1876, estreou "O Crepúsculo dos Deuses", de Richard Wagner (1813-1883).

Última etapa da tetralogia "O Anel do Nibelungo", "O Crepúsculo" está em cartaz no Theatro Municipal de São Paulo com direção cênica de André Heller-Lopes e regência de Luiz Fernando Malheiro.

O espetáculo de seis horas mostra a capacidade da direção do Municipal em oferecer à cidade uma temporada exemplar, a despeito das dificuldades de planejamento resultantes do atual momento de transição institucional.

O drama musical narra a morte do herói Siegfried e a derrocada dos deuses em tempos míticos. Tal como havia feito em 2011 com "A Valquíria", o diretor alia a saga germânica a elementos brasileiros inseridos com inteligência e bom gosto.

Divulgação
Cena da ópera "O Crepúsculo dos Deuses", de Richard Wagner, episódio de "O Anel do Nibelungo"
Cena da ópera "O Crepúsculo dos Deuses", de Richard Wagner, episódio de "O Anel do Nibelungo"

Espelhos caracterizam a rocha da valquíria, e um gigantesco pano espiralado domina o palácio de Gunther; Alberich (em ótima interpretação de Pepes do Valle) sai de uma assustadora projeção de filmes antigos.

Talvez pudesse haver maior tensão cênica durante o trecho com a presença do coro no segundo ato. Igualmente, o efeito do fogo-água no final parece um tanto confuso.

A orquestra foi conduzida com segurança por Malheiro, apesar de algumas falhas nos metais quebrarem o clima. O desafio foi vencido, mas, em geral, a correção predominou sobre a beleza.

Um dos pontos altos da montagem é a composição do elenco, tanto pela atuação de cada um como pelo equilíbrio e interação entre as vozes.

O baixo Gregory Reinhart foi um inesquecível Hagen, e Denise de Freitas fez uma marcante Waltraute.

Estiveram muito bem os brasileiros Leonardo Neiva e Cláudia Riccittelli (como Gunther e Gutrune) e, na pele de Siegfried, o tenor inglês John Daszak cresceu ao longo do espetáculo.

O museu da Ópera de Viena traz logo na entrada uma foto da soprano Eliane Coelho: há mais de 20 anos como residente da casa, ela interpretou com categoria a valquíria humanizada Brünhilde.

Foi Benedito Nunes (1929-2011) quem disse que "são os homens que salvam Deus". E quando a boca não pode mais orar ainda resta o beijo.

O CREPÚSCULO DOS DEUSES
QUANDO sex., às 18h, dom., às 16h, qui. (23), às 18h, sáb. (25), às 16h
ONDE Theatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 0/xx/11/3397-0327)
QUANTO de R$ 40 a R$ 100
CLASSIFICAÇÃO 10 anos
AVALIAÇÃO bom

 

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