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Jorge Mautner é destaque no sexto dia de Bienal
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DOUGLAS GAVRAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Jorge Mautner é um liquidificador atômico. Sentado à direita do mediador, o jornalista Maurício Kubrusly, e do escritor Ademir Assunção, o compositor inquieto promoveu o encontro mais nostálgico do sexto dia da Bienal do Livro de São Paulo.
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O músico Arrigo Barnabé era anunciado por engano em panfletos e no site do evento como um dos integrantes da mesa. Barnabé, porém, havia cancelado sua participação na Bienal por motivos de agenda há cerca de duas semanas. Por uma falha no esquema de comunicação do evento, a presença do músico ainda constava na programação.
Filho de refugiados europeus (um judeu austríaco e uma católica iugoslava), Jorge Mautner aprendeu formalmente apenas três acordes. Sua obra, no entanto, foi reverenciada por importantes nomes da cultura nacional, como Gilberto Gil e Caetano Veloso.
"Às vezes, falo alemão errado de propósito, por não gostar do som das palavras originais", brincou o compositor, cuja vida é lembrada no documentário "O Filho do Holocausto", dirigido por Pedro Bial.
Entre os maiores sucessos de Mautner, estão as músicas "O Vampiro", gravada por Caetano Veloso, "Maracatu Atômico", imortalizada por Chico Science e a Nação Zumbi, e "Lágrimas Negras", famosa na voz de Gal Costa.
"Os críticos e colunistas jogam água gelada no Brasil. Ainda bem que o povo ignora. Eu sempre disse que a Aracy de Almeida era igual ao Beethoven, só que ligeiramente superior", disse Mautner.
Ademir Assunção, que já foi editor-assistente da "Ilustrada" e hoje edita a revista cultural "Coyote", comentou a falta de espaço para a inventividade nos grandes meios de comunicação.
"Hoje não existe jornalismo cultural, existe jornalismo da indústria cultural. No início da minha carreira, na década de 1980, tentei levar a inquietude das poesias que eu lia para o jornalismo cultural. Fiz entrevistas com os artistas mais inventivos do Brasil daquela época, Mautner, Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, entre outros. Mas essa inquietude morreu", pontuou.
"Parte da parcela inquieta da cultura brasileira está ausente até mesmo da Bienal. O crítico de cultura precisa sair das Redações, ir atrás dos focos de resistência à mesmice e discutir ideias e a visão de mundo desses artistas", resumiu Assunção.
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