Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/08/2012 - 22h04

Filósofos fazem elogio à preguiça em encontro na Bienal

Publicidade

DOUGLAS GAVRAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"São os ociosos que transformam o mundo porque os outros não têm tempo algum", já diria o pensador francês Albert Camus (1913-1960). Partindo desse princípio o filósofo Vladimir Safatle e o escritor Antonio Cícero encerram o nono dia da Bienal do Livro com um debate sobre as virtudes da preguiça.

Veja o especial da Bienal

Figurante na lista dos pecados capitais, a preguiça é tida como um desvirtuamento da vida moderna. O ócio seria incoerente com a necessidade de produzir e de se realizar através do trabalho.

Antonio Cícero formou-se em filosofia na Universidade de Londres. Poeta, tornou-se conhecido em finais dos anos 1970 como o letrista das canções de sua irmã, Marina Lima. É autor de, entre outras obras, duas coletâneas poéticas: "Guardar" (1997) e "A Cidade e os Livros" (2002).

Citando o poeta português Fernando Pessoa, Cícero lembrou que praticar a preguiça é fugir para uma dimensão em que a necessidade constante de produzir algo é substituída pela preguiça fértil, em que a arte e a poesia brotam da mente que não se cobra por um resultado. "Permitir-se ser preguiçoso, nesse sentido, é uma atitude libertadora. 'Sinto todo o meu corpo deitado na realidade', resumiu Pessoa."

Safatle, que assina uma coluna semanalmente na Folha, lembrou que a noção de trabalho e produtividade se deteriorou consideravelmente nos últimos anos. "Sofremos devido ao peso que damos ao trabalho, a estar ocupado. Ligamos o trabalho à necessidade de reconhecimento, como se estar constantemente ocupado fosse nosso modo de expressão e a satisfação pessoal, independente da opinião alheia, fosse vista como culpa", disse.

"Todos vocês aqui nesta plateia padecem do mesmo desconforto: Vocês trabalham mais que seus pais, ganham menos, têm menos segurança e, por alguma razão, se sentem mais realizados do que eles", provocou Safatle.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página