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05/09/2012 - 04h26

Todorov mira pensamento conservador em palestra

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MANUEL DA COSTA PINTO
COLUNISTA DA FOLHA

No momento em que o pensamento neoconservador virou moda no Brasil, o francês (de origem búlgara) Tzvetan Todorov usa o argumento dos adversários das utopias de esquerda para contra-atacar.

Em seu novo livro, "Os Inimigos Íntimos da Democracia" (ed. Companhia das Letras; R$ 39,50; 216 págs.), ele acusa o ultraliberalismo contemporâneo de ser tão messiânico quanto os ideais da Revolução Francesa ou da doutrina comunista.

"Nossas culturas e filosofias, que se queriam livres de qualquer influência religiosa, continuam a sofrer a pressão de uma doutrina que foi dominante durante milênios. Hoje, não dizemos mais 'as leis da Providência', mas 'as leis da história', ou 'as leis do mercado', embora sejam quase a mesma coisa", diz Todorov em entrevista à Folha.

Esse também será o tema de sua palestra na série Fronteiras do Pensamento: "Três Ondas do Messianismo Político: Colonialismo, Comunismo, Guerras Humanitárias".

Lluis Gene/France Presse
Tzvetan Todorov ao receber o prêmio Príncipe de Astúrias, em Oviedo, na Espanha
Tzvetan Todorov ao receber o prêmio Príncipe de Astúrias, em Oviedo, na Espanha

Radicado desde os anos 1960 em Paris (onde adquiriu cidadania francesa em 1973), Todorov se dedicou inicialmente à crítica literária, difundindo o formalismo russo e tornando-se importante teórico do estruturalismo. Nas últimas décadas, voltou-se para temas da filosofia e do pensamento político.

Em "Os Inimigos Íntimos da Democracia", ele parte daquilo que os gregos chamavam de "húbris" ("descomedimento") para descrever como as democracias contemporâneas perverteram a ideia de liberdade com "bombas humanitárias".

Também lembra como o uso do termo "liberdade" na sigla de partidos de extrema-direita (como o xenófobo partido da liberdade holandês) pode ser pura expressão de má-fé. A mesma má-fé que, em seu país natal, fez com que as utopias dessem lugar à manipulação ideológica.

"A crença ingênua é ainda mais perigosa que a manipulação consciente. Na Bulgária, a primeira década [de comunismo] foi a dos fanáticos sinceros; as seguintes foram dominadas pelos carreiristas cínicos", argumenta ele.

"Hoje, muita gente acredita sinceramente que as guerras feitas na Ásia e na África espalham as benesses da democracia, que a falta de regulação dos mercados significa mais liberdade. Mas seus instigadores não são enganados pela própria propaganda."

FRONTEIRAS DO PENSAMENTO
QUANDO nesta quarta (5), às 20h30
ONDE Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, 16; tel. 0/xx/11/4007-1200)
QUANTO de R$ 980 a R$ 1.120 (passaporte para as próximas quatro palestras)

 

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