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21/09/2012 - 06h11

Cinemas de rua resistem com público fiel

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MARCOS DÁVILA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Há 50 anos as pessoas iam ao cinema. Hoje elas vão ver filmes. Isso faz uma enorme diferença", afirma o escritor e jornalista Inimá Simões, 62, autor do livro "Salas de Cinema em São Paulo".

Reforma do Espaço Itaú divide opiniões

Segundo Simões, nos tempos áureos da Cinelândia, nos anos 1950, São Paulo contava com cerca de 180 salas de cinema na rua. Eram construções grandiosas e chegavam a ter até 3.000 lugares.

Hoje, somente cinco cinemas funcionam comercialmente de porta para a rua --sem contar as salas especiais, como a Cinemateca e o CineSesc, e outras em centros culturais e museus.

Em apenas um dia, na semana de reabertura do que já foi o Espaço Unibanco na rua Augusta (agora Espaço Itaú de Cinema), no começo de setembro (leia ao lado), a "Ilustrada" visitou todas as salas de rua para conversar com seus frequentadores.

Na avenida Ipiranga, 757, o Marabá é o único sobrevivente da chamada Cinelândia, no centro de São Paulo.

Inaugurado em 1945, o cinema ficou quase dois anos fechado e foi reaberto em 2009 pelo grupo Playarte.

Lá, uma jovem estilista escolhia um filme para assistir. "Quando eu era criança, diziam que esse cinema era mal-assombrado. Ainda tenho essa sensação", contou Bruna Battys, 28.

Victor Moriyama/Folhapress
O ator Adriano Monteiro, 29, no Espaço Itaú de Cinema, na rua Augusta, após a reforma
O ator Adriano Monteiro, 29, no Espaço Itaú de Cinema, na rua Augusta, após a reforma

RELAÇÃO PESSOAL

No mesmo endereço onde funcionou a Cinemateca Brasileira, na rua Fradique Coutinho, 361, em Pinheiros, o Cine Sabesp é o único em que a bilheteria faz, de fato, fronteira com o passeio público.

Para a bilheteira Maria de Fátima Reis Serra, 51, que trabalha no lugar há mais de seis anos, o contato com a rua lhe dá mais segurança.

Além disso, proporciona uma relação mais pessoal com os clientes. "Tem gente que me cumprimenta pelo nome", diz.

No dia da visita da Folha, os idosos formavam a maior parte dos espectadores do Cine Sabesp.

Acompanhada por duas amigas do bairro, Cecília Gaetta Michellini, 87, elogiou a programação e a localização do cinema.

"Gosto de andar na rua. Meu único medo é cair, as calçadas estão muito ruins", afirma Michellini.

No Reserva Cultural, único sobrevivente das salas da avenida Paulista, no número 900, um casal de analistas de sistema acabava de sair de uma sessão de "Intocáveis", sucesso do cinema francês.

"Aqui é o 'nosso' cinema", brinca Ana Luiza Basalo, 22. "Os cinemas de rua tem uma programação mais 'cult'", completou.

O bibliotecário Sergio Andrade, 51, assistiu sozinho ao filme "A Rebelião", na sessão das 18h30, no Lumière Playarte, na rua Joaquim Floriano, 339, no Itaim Bibi. Não foi a primeira vez.

"Adoro cinema de bairro. É uma tradição que está se perdendo. O negócio dos shoppings está dominando", diz Andrade.

CIDADE CLIMATIZADA

Para o escritor Inimá Simões, hoje a praça de alimentação do shopping reproduz o velho espaço público a céu aberto.

"O shopping é a cidade climatizada, pretensamente segura, onde todos são mais ou menos iguais e não existe aquela gente feia, malcheirosa lá das ruas verdadeiras", conclui.

 

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