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Início da competição do Festival do Rio tem variedade, mas pouco apelo comercial
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RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Se "Gonzaga - De Pai Pra Filho", que abriu o Festival do Rio fora de competição, tem tudo para se tornar o grande campeão de bilheteria do cinema nacional em 2012, os filmes da mostra competitiva que o sucederam não parecem ter o mesmo fôlego.
Não que seja a intenção de todos, claro. O drama "Entre Vales", de Philippe Barcinski ("Não Por Acaso"), filme que deu o pontapé inicial na mostra Première Brasil, na sexta-feira (28), é tão pesado e propositalmente previsível que se segura plenamente na ótima interpretação de Ângelo Antônio.
Filmado no lixão de Jardim Gramacho, no Rio, e em três cidades diferentes (São Paulo, Paulínia e Rio), o longa faz uma analogia entre o sofrimento de um homem em busca de um novo começo após uma tragédia e a reciclagem de objetos. Por causa disso, perde em estrutura narrativa, já que o espectador sabe exatamente o que vai acontecer desde o segundo minuto.
No sábado, "Meu Pé de Laranja Lima", adaptação de Marcos Bernstein (roteirista de "Central do Brasil) do livro de José Mauro de Vasconcellos, deu esperanças de unir cinema popular e de boa qualidade.
Em seu segundo longa de ficção como diretor, Bernstein constrói uma aventura infanto-juvenil de clima estranho --e isso é um elogio. A história original, sobre um menino que escapa do dia-a-dia de espancamento e solidão criativa ao conversar com um pé de laranja lima, daria brechas para fantasias enfeitadas e coloridas. No entanto, o cineasta mantém o pé no chão, deixa o filme mais adulto em diversos momentos e não derrapa para devaneios artísticos.
É basicamente o contrário do novo longa de Domingos Oliveira, "Primeiro Dia de Um Ano Qualquer", que nasce querendo ser popular, mas morre na execução datada. Dono de um texto ácido, o diretor, ator e roteirista carregou na mão, querendo enfiar várias histórias "nelson rodriguianas" em um curto período de tempo: o pós-reveillon de uma família da elite pensante carioca comandada por uma atriz (Maitê Proença).
Há cenas inspiradas (um monólogo sobre a nova classe rica brasileira, Ney Matogrosso levando bomba em um karaokê), mas o longa é nostálgico demais na condução e infantil em algumas sub-tramas.
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