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Denise Fraga reencontra a sátira social em espetáculo de Fauzi Arap
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GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Denise Fraga já havia ironizado a falta de generosidade humana em "A Alma Boa de Setsuan", peça de Bertolt Brecht montada por Marco Antônio Braz em 2008. Queria avançar, mas agora sozinha. Buscava um monólogo, sobretudo pela mobilidade.
"Chorinho" seduziu-a a ponto de fazer com que mduasse de ideia. Dividindo o palco com Claudia Mello, a atriz estreia hoje a peça escrita por Fauzi Arap. "O texto usa o humor para falar sobre como as pessoas se tratam mal e são inábeis para o convívio. Diz tudo aquilo que eu queria dizer", revela a atriz à Folha.
"Chorinho" apresenta a amizade que se estabelece entre uma mendiga e uma dona de casa. Foi inspirado na estrutura dramatúrgica e na simplicidade de linguagem de "Dois Perdidos numa Noite Suja", de Plínio Marcos.
A relação entre as personagens se inicia como repulsa, mas não demora para se transformar em afeto. "São personagens aparentemente muito diferentes que se revelam iguais", acredita Denise.
Lenise Pinheiro/Folhapress | ||
As atrizes Claudia Mello (à esq.) e Denise Fraga contracenam na peça "Chorinho" |
"Chorinho" estreou em 2007 e foi premiada com o Shell de melhor texto. Na primeira montagem, era Caio Blat quem contracenava com Claudia Mello. Para Denise, a mudança de sexo do mendigo intensifica o espelhamento retratado em cena.
Para compor o personagem, Arap inspirou-se no espírito hippie dos anos 1960.
"Antes da falência do movimento, cheguei a ver pessoas muito felizes, belas e sábias nas ruas, vivenciando cada momento como se fosse o último e sendo generosas com o próximo", conta.
A personagem possui uma generosa dose de sabedoria. Para o autor, isso surge da possibilidade de olhar o mundo sem máscaras. A mendiga opta por driblar a hipocrisia da sociedade. "Ela exerce um fascínio para mim. Dispensou as regras sociais e chutou o balde. Possui algo de libertário", avalia Denise.
Segundo a atriz, o autor serve-se desse relacionamento improvável para discutir algo maior.
"Fauzi está falando de todos aqueles que fingem não ver os demais. As pessoas não fazem de conta apenas que o mendigo é invisível: elas têm dificuldade de se comunicar o tempo todo no dia a dia, até com o vizinho, no elevador. Nós estamos nos esquivando do convívio", opina.
CHORINHO
QUANDO ter. e qua., às 21h; até 12/12
ONDE Teatro Eva Herz (av. Paulista, 2.073; tel. 0/xx/11/3170-4059)
QUANTO R$ 60
CLASSIFICAÇÃO 10 anos
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