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18/10/2012 - 06h45

Obras de arte roubadas são recuperadas em 20% dos casos

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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Minutos depois do furto de sete pinturas do museu Kunsthal em Roterdã anteontem, as obras levadas, entre elas duas de Monet e uma de Picasso, foram listadas no Art Loss Register, o maior banco de dados de peças perdidas.

Elas se juntaram a milhares de obras desaparecidas, algumas há décadas, que ainda não foram resgatadas.

Embora a polícia holandesa tenha posto 20 detetives para seguir as pistas do caso e analise agora imagens das câmeras de segurança do museu, especialistas descartam a hipótese de que obras tão importantes quanto as paisagens de Monet feitas em Londres ou o arlequim de Picasso voltem à cena tão cedo.

"De cada cem telas roubadas, a esperança que temos é a de recuperar 20 delas, e isso depois de até 20 anos de espera", diz o britânico Julian Radcliffe, diretor do Art Loss Register, em entrevista à Folha. "Estatísticas nos mostram que as chances de esses trabalhos serem recuperados agora são mínimas."

Telas tão conhecidas quanto as que foram surrupiadas na madrugada da última terça não podem ser postas à venda no mercado de arte.

Uma delas, de Monet, foi leiloada anos atrás por cerca de R$ 138 milhões, o que faria deste crime um dos maiores na história da arte depois do assalto ao museu Isabella Stewart Gardner, em Boston, há 22 anos --um prejuízo estimado em R$ 1 bilhão.

Em 2010, peças de duas das mesmas vítimas de agora, Picasso e Matisse, avaliadas em R$ 264 milhões, foram levadas de um museu em Paris e até hoje continuam perdidas.

São crimes semelhantes, em que criminosos invadem um museu e desaparecem com obras valiosíssimas em minutos, mas depois não sabem o que fazer com elas.

MOEDA DE TROCA

"Esses ladrões não são especialistas em arte, são bons criminosos, mas péssimos negociadores", diz Robert Wittman, especialista em crimes de arte e ex-agente do FBI, a polícia federal norte-americana. "Isso não foi um crime sofisticado, é um furto de possíveis moedas de troca."

De acordo com Wittman, que trabalhou na investigação do assalto ao museu de Boston e também no caso do Museu da Chácara do Céu, no Rio, criminosos como os de Roterdã costumam ir atrás de obras de arte como itens de troca em negociações com a polícia caso sejam flagrados cometendo outros crimes.

Outro destino possível para as telas, caso os autores do crime sejam mesmo maus negociantes, é acabar nas mãos de outros colecionadores que pensam estar comprando cópias daqueles trabalhos mais famosos.

Radcliffe, do Art Loss Register, conta que muitas peças são reencontradas até 40 anos depois sendo vendidas como reproduções dos originais quando são, na verdade, peças levadas de museus.

"É muito simples entrar num museu e fugir com sete pinturas, a investigação é que é complexa e demorada", diz Roland Ekkers, porta-voz da polícia holandesa à Folha. "Isso é fácil para os ladrões e muito difícil para a polícia."

Pelos detalhes do crime divulgados até agora, parece mesmo ter sido fácil entrar no Kunsthal de Roterdã, um prédio com desenho ousado do arquiteto Rem Koolhaas, mas alvo fácil de ladrões por ser quase todo de vidro e ter múltiplas entradas e acessos.

"Eles têm um bom sistema de segurança, mas não tinham um guarda presente na hora do crime", diz Wittman. "Qualquer alarme ou câmera de segurança pode no máximo alertar para o caso ou gerar provas, mas nunca evitar que o crime aconteça."

 

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