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Mineiridade marca obra de grande vencedora do Prêmio Jabuti
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MARCIO AQUILES
DE SÃO PAULO
Após ser laureada com mais de 30 prêmios em três décadas de carreira literária, Stella Maris Rezende obteve a mais almejada a consagração das letras: o Livro do Ano de Ficção do Prêmio Jabuti por "A Mocinha do Mercado Central" (editora Globo).
Mulheres lideram premiação do Jabuti
A autora já havia levado o primeiro e segundo lugar na categoria juvenil com "A Mocinha..." e "A Guardiã dos Segredos de Família" (ed. SM).
Louros à parte, a prosa de Stella é mais inclinada a discrição, como nota-se em sua afirmação após receber o prêmio. "Para mim, a literatura é a arte que fala por silêncios e cala por palavras."
A autora, que nasceu em Dores do Indaiá e viveu parte da infância em Belo Horizonte, destaca a presença do imaginário de Minas Gerais em sua literatura.
"Meu projeto estético reverbera o linguajar mineiro, a poeticidade, o ritmo da fala, a musicalidade das palavras, uma visão de mundo carregada de mistérios, segredos, meios-tons, mineiridade pura", afirma a escritora.
Sobre suas duas obras contempladas com o Jabuti, Stella aponta características similares presentes nas duas narrativas e que também perpassam a sua bibliografia.
"São encontrados em todos os meus livros o rompimento com a expectativa do leitor, a transgressão, elipses, metáforas, ironias, a fuga ao lugar-comum e aos estereótipos, nada de concessões a modismos, nenhuma intenção didática", aponta.
CATANDO PALAVRAS
Ao ser questionada sobre seu procedimentos de criação, Stella o compara ao poema "Catar Feijão", de João Cabral de Melo Neto, que retrata a concepção da escrita.
"Eu corto cenas, retiro palavras, reorganizo, busco a concisão, a pausa, o silêncio, e os vazios que esperam pela coautoria do leitor, que é a pessoa mais importante nesse processo. É ele quem terminará a história, reinventando-a, tornando-a sempre nova a cada releitura."
Além da mineiridade e de seu cuidadoso trabalho de edição, a autora reforça o imaginário infantojuvenil em seus escritos. "Minhas histórias conversam com a memória de infância e adolescência, com os livros que leio e releio."
No final dos anos 1970 e no início dos 80, Stella interpretou a Fada Estrelazul do programa "Carrossel", da TV Manchete, e Tia Stella, no programa "Recreio", da Record.
Hoje em dia, além de escrever, ela dedica-se a ser contadora de histórias pelo YouTube. "Sou antiga e moderna, sou a fada das palavras."
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