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10/12/2012 - 05h33

Tom Wolfe ataca 'vermes' da arte em novo romance

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SILAS MARTÍ
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

Um colecionador brasileiro, olhos arregalados diante de um estande na Art Basel Miami Beach, comparou o passeio na feira a uma visita à Disneylândia. Jason Rubell, um dos maiores colecionadores e patronos da arte em Miami, descreveu como "mágico" o mundo da arte em entrevista ao "New York Times".

Brasil ganha espaço na maior feira de arte das Américas

Mas, na visão de Tom Wolfe, autor de "A Fogueira das Vaidades", esse é um mundo de "vermes" bilionários que saem no tapa por obras de arte pornográficas. Obcecados por status, colecionadores se misturam à beira da praia em brigas pelos trabalhos mais caros ou mesmo bizarros.

Em "Back to Blood", seu romance lançado pouco antes da feira que reúne o "jet-set" em Miami, ele transpõe esse universo para a ficção, com direito a uma performance em que uma artista nua extrai linguiças da vagina --excesso visual que constrangeu alguns dos megacolecionadores que costumam fazer compras na Art Basel.

Há ainda bacanais de endinheirados depravados --um personagem é um psiquiatra que trata viciados em pornografia-- e a história do fictício oligarca russo que doou falsos quadros abstratos a um museu de Miami.

Russos, cubanos e americanos de todas as cores, aliás, parecem disputar um lugar ao sol nessa sua Miami, tanto que o título do livro é uma expressão frequente do autor quando se refere aos embates raciais na América.

Reações ao romance, de indignadas a indiferentes, dominaram rodinhas de conversa na feira --Marc Spiegler, diretor do evento, não quis comentar o livro quando perguntado pelo jornal britânico "The Art Newspaper".

Mas uma série de críticos aproveitou para descer a lenha no tipo de ostentação que Wolfe desclassifica com seus exageros e estereótipos.

"Dinheiro fala alto demais e afoga os significados", escreveu Sarah Thornton, da "The Economist", num artigo. Dave Hickey, importante crítico norte-americano, anunciou há pouco sua aposentadoria alegando "desgosto" pelo mercado de arte e dizendo que críticos hoje são "garçons intelectuais" para os "super-ricos" do meio.

Em defesa desses "super-ricos", Jason Rubell, aquele que vê "mágica" no mundo da arte, rebateu as críticas dizendo que "sem comércio, essa indústria não existe".

Outro artigo no "The Art Newspaper" sustenta que a nova classe endinheirada emergente, fenômeno do mundo globalizado pós-crise econômica dos últimos anos, destronou colecionadores americanos e europeus e vulgarizou o consumo de arte como um sinal de riqueza.

 

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