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Ravi Shankar popularizou música indiana e inspirou os Beatles
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ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
Ravi Shankar, o mestre da cítara que popularizou a música indiana em todo o mundo e inspirou os Beatles, morreu na terça-feira, aos 92 anos, em San Diego, na Califórnia, onde se recuperava de uma cirurgia no coração.
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Shankar já era um músico famoso na Índia em 1966 quando foi apresentado, em Londres, a George Harrison e a Paul McCartney. Em seu
país-natal, o músico fazia shows desde 1939. Também compunha trilhas para peças de teatro, balés e filmes.
Os Beatles não foram os primeiros ocidentais a se encantarem com as melodias de sua cítara: nos anos 1950, o músico já excursionava na Europa e nos Estados Unidos.
Na década de 1960, deu aulas para jazzistas como John Coltrane e Don Ellis. Coltrane era tão fascinado por Shankar que batizou o filho de Ravi.
Mas foi a associação com os Beatles, em especial com George Harrison, que tornou Shankar famoso em todo o mundo. "É estranho ver músicos pop tocando cítaras", disse certa vez.
Associated Press - 3.ago.1967 | ||
George Harrison se encontra com Ravi Shankar, com quem aprendeu a tocar cítara, em Los Angeles, em 1967 |
"Quando George me procurou e disse que queria aprender, eu não sabia o que pensar. Mas percebi que ele realmente queria. Eu nunca poderia imaginar que nosso encontro causaria tamanha explosão, que subitamente a música indiana surgiria na cena pop", afirmou.
Os sons da cítara inspiraram os Beatles em sua fase psicodélica, que teve seu auge no LP "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", de 1967. Rolling Stones, Grateful Dead e, posteriormente, o Led Zeppelin, também se disseram inspirados por Shankar.
A associação do artista com popstars ajudou a divulgar a música indiana, iniciando um processo de descobrimento, pelo público ocidental, de músicas de outras culturas.
Shankar e Harrison foram grandes amigos até a morte deste, em 2001. Sobre Shankar, Harrison disse: "Foi a primeira pessoa que realmente me impressionou em toda minha vida".
Ravi Shankar adorava colaborar com artistas de outros estilos. Foi assim com o flautista Jean-Pierre Rampal e com o compositor Philip Glass, com quem lançou um disco em parceria.
Tocou em grandes festivais da era hippie, como Monterey (1967) e Woodstock (1969), mas depois se mostrou arrependido: "As pessoas vinham a meus concertos drogadas, sentavam na plateia tomando Coca-Cola e beijando as namoradas. Achava aquilo humilhante", disse em 1985.
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