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"Brasil é fonte de prazer musical", diz crítico Jon Pareles
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BRUNO NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Brasil e a música brasileira são velhos conhecidos de Jon Pareles. No jornal americano "The New York Times", em que é crítico musical desde 1982, ele já escreveu sobre Tom Zé, Caetano Veloso, a Tropicália e Ivete Sangalo, que o deixou impressionado pelo "espírito incansável" no palco.
Pareles está pela terceira vez no país. Desta vez para participar, amanhã, do congresso Digitalia, sobre música e cultura digital.
O evento começou anteontem e vai até terça-feira em Salvador (veja programação em digitalia.com.br ).
"O mundo exterior conhece muito pouco sobre música e cultura brasileiras. Eu vou sugerir maneiras de alcançar pessoas de fora como eu", disse ele à Folha.
Pareles --que, antes de chegar ao jornal nova-iorquino, foi um dos editores da revista musical "Crawdaddy", a primeira dos EUA inteiramente dedicada à crítica de rock, e teve breve passagem pela "Rolling Stone"-- diz que as novas formas de ouvir música pouco mudaram a postura dos ouvintes.
"A música pop sempre foi alvo de julgamentos rápidos. Quantos segundos você dava a uma nova música antes de mudar a estação de rádio? Talvez só um pouco a mais do que hoje, mas o instinto sempre vai ser a primeira guia para ouvintes que não são críticos. E é assim que deve ser. A música precisa tocar seu coração primeiro."
É esse laço afetivo que, na opinião dele, também une crítica e público. "A crítica de música sempre importou apenas para um número relativamente pequeno de pessoas, mas essas pessoas são --assim como os críticos-- ouvintes apaixonados."
Na era do acesso hiperfacilitado a novidades musicais, em que as pessoas encontraram outros meios para se orientar na selva digital/musical, Pareles defende a relevância dos críticos.
"As pessoas que querem ir além da simples decisão de ouvir uma música ou outra, que vão querer pensar com um pouco mais de profundidade sobre o que estão ouvindo, além de apenas gostar ou desgostar, ainda encontram bons 'insights' na boa crítica de música."
O americano diz que chega disposto a "ouvir o máximo de música possível" e se declara um apaixonado pelo que ouve do país.
"Talvez o Brasil esteja guardando sua música medíocre em casa, mas o que escuto continua a gerar novas ideias junto a maneiras brilhantes e criativas de remixar as antigas ideias. O Brasil é uma fonte perpétua de prazer musical para mim."
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