Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
13/02/2013 - 18h13

"Antes da Meia-Noite" fecha trilogia romântica com otimismo em Berlim

Publicidade

RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Em meio a uma juventude que descobria a sensibilidade e o barulho do grunge, "Antes do Amanhecer", de Richard Linklater, venceu o Urso de Prata de 1995. O filme acompanhava Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy) em um dia de andança e muita conversa em Viena.

O romance ganhou seguidores apaixonados. Entre eles, os próprios envolvidos, que retornaram aos papéis para "Antes do Pôr-do-Sol", de 2004, em um inesperado reencontro em Paris --Jesse virou um escritor famoso ao escrever sobre seu dia na Áustria. Até ali, Jesse e Celine não eram um casal. Eram mais visões utópicas um do outro. Possíveis almas gêmeas, que ganharam a voz de Hawke e Julie, corroteiristas do filme.

"Antes da Meia-Noite", que teve exibição de gala nesta segunda-feira (11), com direito a prêmio pelo conjunto da obra para o diretor Linklater, é o primeiro (apesar de possivelmente ser o último) a tratar Jesse e Celine como um casal.

Despina Spyrou/Associated Press
Ethan Hawke e Julie Delpy em cena de "Antes da Meia-Noite", de Richard Linklater
Ethan Hawke e Julie Delpy em cena de "Antes da Meia-Noite", de Richard Linklater

Nove anos depois de finalmente irem para a cama em Paris, os dois estão lidando pela primeira com as vantagens e desvantagens de um "casamento" (eles nunca chegaram a casar oficialmente) duradouro. Jesse separou-se da mulher americana e começa o longa mandando o filho de volta para os Estados Unidos, já que não consegue a guarda do menino morando na Europa.

Com Celine, teve duas filhas gêmeas, "da primeira vez que transamos sem camisinha", revela ela. A tendência de papos sobre casamento e amor com inspirações em Woody Allen poderia ser uma armadilha chata e desencantada para quem acompanha o ideal de romance jovem há tantos anos.

Mas "Antes da Meia-Noite" alcança o mesmo nível de diálogos do primeiro filme e é bem superior ao segundo. Passado todo na Grécia, onde o casal passa férias, o roteiro é composto por cinco segmentos imensos de diálogos: a volta do aeroporto, um almoço com amigos, um passeio, uma discussão dolorosa em um quarto de hotel e a última conversa na mesa de um restaurante.

Quem nunca gostou do casal nem adianta tentar fazer isso agora. As questões existencialistas estão todas lá, mas agora Celine está ainda mais interessante, lidando com os problemas de ser uma mãe de 40 anos e desbocada em relação ao sexo. Jesse parece mais cruel nessa versão mais velha. Longe estão as teorias sobre "átomos divididos que se juntam", substituídas por "você tem o meu amor condicional. Se você acha o contrário, não posso fazer nada".

No entanto, algumas palavras que pareciam forçadas no capítulo anterior ganham realismo com a idade da dupla. A briga no quarto de hotel é de uma variação de clima que merecia um longa a parte apenas para ele. Jesse quer voltar para os Estados Unidos, Celine não vê razão. Os dois entram em uma espiral de ataques que faz rir e chorar com a mesma intensidade.

E a grande sacada é que agora existe o elemento sexual real e não platônico. Gera piadas cruéis e declarações românticas bem mais críveis que simples explosões poéticas sobre almas gêmeas.

O fim otimista em certo ponto clama por uma sequência. Mas melhor não esperar por mais nove anos. "O fato de termos feito duas sequências levanta a questão, mas eu não tenho a menor ideia de como uma nova continuação poderia ser", disse o cineasta. Delpy brincou, falando que o quarto longa poderia ser "um remake de 'Amor', de Michael Haneke".

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página