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Tela do cubano Wilfredo Lam obtém US$ 1,4 mi em leilão
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WALKER SIMON
DA REUTERS, EM NOVA YORK
Uma tela do cubano Wilfredo Lam que mistura surrealismo e "santería" foi a obra mais cara no leilão de arte latino-americana organizado pela casa Sotheby's na noite de quinta-feira (27).
"Sur les Traces (Transformação)" obteve US$ 1,42 milhão (R$ 2,57 milhões), recorde também para o próprio Lam. O leilão como um todo somou US$ 12,2 milhões (R$ 22,08 milhões), aquém da expectativa pré-vendas, de US$ 13,8 milhões (R$ 24,97 milhões), e do resultado do leilão anterior de arte latino-americana da Sotheby's, em 2009, US$ 14,6 milhões (R$ 26,42).
Carmen Melian, chefe de arte latino-americana da Sotheby's, minimizou o resultado financeiro e enfatizou a tendência em favor dos gêneros surrealista e abstrato.
Lam pintou "Sur les Traces" em Cuba, após voltar de Paris, onde integrara o núcleo surrealista de André Breton.
"Esta obra combina elementos europeus do surrealismo e da santería", disse Melian, referindo-se a uma religião afro-cubana com forte sincretismo, a exemplo do candomblé e da umbanda no Brasil. A avó de Lam era mãe-de-santo, lembrou a especialista.
Caudas de cavalo, chifres e chamas evocam a santería num ambiente onírico, no qual pinceladas fluidas de preto traçam silhuetas de extremidades humanas, como olhos e dedos.
O segundo melhor resultado do leilão foi para "O Drama de Orwain" (1959), da surrealista mexicana Leonora Carrington, com R$ 722,5 mil (R$ 1,307 milhão), que retrata o sacrifício de um nobre galês lendário.
Um sem-título de 1951 do surrealista chileno Matta alcançou US$ 692,5 mil (R$ 1,253 milhão). Um colecionador particular dos EUA arrematou por US$ 662,5 mil (R$ 1,199 milhão) o "Retrato de Gladys March", do mexicano Diego Rivera, que ele fez para uma jornalista norte-americana que o ajudou a escrever sua autobiografia.
O leilão também incluiu anotações e o manuscrito feito por ela em seis meses de entrevistas com o pintor mexicano --centenas de páginas em quatro caixas, que Melian descreveu como o "paraíso de um acadêmico". Consta do lote também uma carta em que Rivera afirma que a jornalista era uma menina travessa que virou uma "jovem bonita".
Uma tela de Rivera, "Tejedora y los Niños" (tecelã e as crianças), avaliada em até US$ 1,3 milhão (R$ 2,353 milhões), não encontrou comprador. A obra passou mais de meio século sumida, sendo conhecida apenas por uma granulada foto em preto e branco.
Leis culturais do México impedem que a obra deixe o país. "Isso afetou fortemente o preço, porque realmente estreitou o público que poderia comprá-la", segundo Melian.
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