Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
12/07/2010 - 07h40

Lado artístico de Dennis Hopper é tema de mostra em Los Angeles

Publicidade

FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

Por míseros US$ 75 (R$ 132), o ator Dennis Hopper foi o primeiro a comprar uma das 32 telas das latas de sopa Campbell de Andy Warhol, em 1962, dando início a sua famosa coleção de arte.

Veja fotos da exposição que reúne obras de Dennis Hopper

Naquela época, Hopper já era ele mesmo um artista, pintor da terceira geração de expressionistas abstratos.

A descoberta de Warhol teve influência marcante em seu trabalho, que tomou um rumo mais pop. O mesmo aconteceu quando cruzou caminho com Marcel Duchamp e sua arte conceitual.

Fernanda Ezabella/Folhapress
Último trabalho de Dennis Hopper, finalizado por uma equipe técnica, que representa o próprio ator, de cigarro entre os dedos, numa passagem de faroeste
Último trabalho de Dennis Hopper, finalizado por uma equipe técnica, que representa o próprio ator

O resultado desses encontros está numa retrospectiva no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, a primeira do gênero nos EUA, aberta neste final de semana.

Ao todo, são 200 obras assinadas pelo ator e diretor de "Sem Destino", morto em maio, aos 74 anos.
Além das pinturas abstratas, das esculturas pop e dos assemblages conceituais, há grandes telas grafitadas e quase uma centena de fotografias, consideradas seu trabalho mais original.

Hopper foi um dos primeiros a registrar a cena artística de Los Angeles, assim como eventos políticos e passeatas pela liberdade dos anos 60.

O nome da exposição, "Double Standard", faz menção a uma famosa fotografia de 1961, tirada de dentro do carro, de dois postos de gasolina de mesmo nome, usada no convite de uma mostra de Ed Ruscha.

Na retrospectiva, a foto virou uma grande tela a óleo, pintada nos anos 2000, assim como retratos de Warhol e James Rosenquist.

DUAS MEDIDAS

"Double Standard" também significa dois pesos, duas medidas. "Obviamente eu acho que existe um 'double standard' na maneira como ele era visto como artista", disse à Folha o curador da mostra, o cineasta e também pintor Julian Schnabel ("O Escafandro e a Borboleta", "Antes do Anoitecer").

"É um título multiprismático para todas as ilusões, todas as versões que as pessoas tinham dele. Ele era um cara muito generoso, mais do que as pessoas dão crédito."

"BAD BOY"

Hopper, que atuou em "Apocalypse Now" e "Veludo Azul", ficou conhecido como o "bad boy" de Hollywood nos anos 70, quando se dedicou exclusivamente ao cinema --ele voltaria a pintar e fotografar em 1981.

Os exageros com drogas, os casos de violência doméstica e os impulsos de loucura o transformaram num pária da indústria.

Schnabel conheceu Hopper no final dos anos 80 numa festa do artista gráfico Keith Haring. Ele teve a ideia da exposição quando encontrou com o ator no ano passado, já muito mal por conta de um câncer de próstata.
"Uma das coisas que ele mais queria era ter montada uma exposição aqui [em Los Angeles]", disse.

FAMA NA EUROPA

Hopper sempre teve uma aceitação melhor na Europa. Por lá, diversas retrospectivas foram feitas, como uma na Cinemateca de Paris, em 2008. "Você nunca é um profeta em seu próprio país", afirmou Schnabel.

A retrospectiva nos EUA foi anunciada em janeiro e montada em tempo recorde nos dois últimos meses.

Segundo a revista "Vanity Fair", outro importante museu de Los Angeles recebeu primeiro a proposta para a exposição, mas recusou por achar "muito mórbida", já que era notório o estado de saúde de Hopper.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página