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12/07/2010 - 13h44

Roman Polanski deixa chalé onde cumpriu prisão domiciliar

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O cineasta franco-polonês Roman Polanski já deixou o chalé que possui na estação de esqui de Gstaad onde cumpria prisão domiciliar. A Confederação Helvética anunciou hoje a rejeição ao pedido de extradição para os Estados Unidos, onde ele é acusado de ter mantido relações sexuais com uma menor há 33 anos, por falta de provas conclusivas sobre o processo judicial que começou em 1977.

Polanski foi preso no dia 26 de setembro em Zurique, onde tinha ido para ser homenageado, e libertado sob fiança no dia 4 de dezembro sendo detido confinado em prisão domiciliária. Após sete meses recluso, ele deixou hoje o chalé.

A ministra de Justiça suíça, Eveline Widmer-Schlumpf, informou hoje em entrevista coletiva da decisão de rejeitar a extradição.

Jean-Christophe Bott/AP
Chalé onde o diretor Roman Polanski cumpriu sete meses de prisão domiciliar; cineasta foi solto hoje
Chalé onde o diretor Roman Polanski cumpriu sete meses de prisão domiciliar; cineasta foi solto hoje

Segundo ela, as autoridades suíças pediram informações complementares sobre o processo ao que Polanski foi submetido em Los Angeles quando aconteceram os fatos, pedido rejeitado por Washington que alegou a confidencialidade dos documentos.

No dia 3 de março as autoridades suíças pediram às americanas um documento judicial no qual, supostamente, o juiz encarregado do caso assegurava às partes que com a pena de 42 dias de prisão na divisão psiquiátrica de uma prisão californiana imposta a Polanski, a condenação ficava encerrada.

"Nestas condições não podemos excluir com total certeza que Roman Polanski já tenha purgado sua pena e que, portanto, a reivindicação de extradição sofre de um vício grave", ressaltou Widmer Schlumpf.

Outro argumento utilizado pela ministra para justificar a não extradição é o "princípio de confiança", reconhecido na legislação internacional.

Widmer-Schlumpf lembrou que Polanski comprou seu chalé em 2006 e até setembro de 2009 nem as autoridades americanas solicitaram a extradição, nem as helvécias aplicaram a ordem de detenção internacional que pesava sobre ele.

Segundo a ministra, neste caso pesou "o princípio de confiança" de Polanski de que não lhe aconteceria nada se viajasse para Zurique, já que tinha entrado e permanecido com assiduidade na Suíça sem que nada tivesse lhe acontecido.

A ministra anunciou que a extradição foi rejeitada e que Polanski está "livre" e pode sair de sua propriedade assim que desejar. Por outro lado Widmer-Schlumph deixou claro que não acredita que a Suíça deve indenizar Polanski pelo tempo que passou preso e pela suposta demora em decidir sobre a extradição.

Depois de mais de dois meses na prisão o cineasta conseguiu a liberdade condicional após ter depositado a fiança de 4,5 milhões de francos estabelecida pelos juízes suíços e ter se comprometido a não sair "em nenhum momento" dos limites de sua propriedade na localidade de Gstaad e a levar um bracelete eletrônico.

A ministra argumentou que o tempo transcorrido - quase dez meses - se deve, especialmente, a questão das autoridades helvécias de não interferir nos recursos interpostos pelos advogados de Polanski, que solicitaram às autoridades americanas que o cineasta fosse julgado à revelia, pedido que foi rejeitado.

O diretor, de 76 anos, é acusado de ter mantido relações sexuais com uma menor de 13 anos em 1977, quando ele tinha 43.

Anos depois Polanski chegou a um acordo com a jovem e sua família, que retirou todas as acusações e se pronunciou publicamente pelo fechamento definitivo do caso, mas os juízes americanos consideraram que o crime não prescreveu e que o diretor deve ser julgado.

A ministra especificou que a Suíça não julgou se Polanski é ou não inocente, dado que não era essa sua missão.

"ALÍVIO"

O advogado de Polanski, Hervé Temime, disse: "É uma satisfação enorme e um grande alívio, após o sofrimento vivido por Roman Polanski e sua família."

A prisão do cineasta motivou reações de protesto da indústria de cinema global e em alguns círculos políticos da França, onde ele reside há muitos anos. Diversos cineastas, desde Woody Allen e Martin Scorsese até Jean-Luc Godard, expressaram apoio a Polanski.

Nascido em 1933 de pais judeus poloneses, sua vida foi marcada por uma fuga do gueto de Cracóvia e pelo assassinato de sua esposa grávida, a atriz Sharon Tate, em 1969, por seguidores de Charles Manson, líder de uma seita.

Polanski é conhecido sobretudo por filmes clássicos como "Chinatown", que recebeu 11 indicações ao Oscar, e "O Bebê de Rosemary".

Ele completou seu filme mais recente, "O Escritor Fantasma", baseado em um best-seller de Robert Harris, enquanto estava em prisão domiciliar na Suíça.

 

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