Publicidade
Publicidade
Ancine soube de séries vendidas por R$ 1
Publicidade
LAURA MATTOS
DE SÃO PAULO
Não se pode contar qual é o canal estrangeiro nem o nome da série brasileira, mas a história é reveladora.
Diante do sucesso, um representante do canal ligou para a produtora no Brasil: "Gostamos do programa que fizeram e queremos comprar os direitos para produzi-lo em outros países".
Com incentivos, estrangeiros pagam preço irrisório por produções brasileiras
Após reunião com seus sócios, o produtor ligou para dar a resposta: "Vocês já são donos dos direitos do programa". E veio a resposta do estrangeiro, que encerrou a ligação. "Sério? Que bom!"
Presidente da Ancine (Agência Nacional do Cinema), Manoel Rangel afirma que a agência observou "ao longo dos últimos sete anos que o uso do incentivo fiscal para produções nacionais estava sendo desvirtuado".
Ele afirma ter visto contratos que cediam a canais estrangeiros, "por valores simbólicos", obras brasileiras produzidas com verba pública. "Cheguei a ler contratos de séries que custaram R$ 5 milhões serem vendidas por R$ 100 mil. Também soube de casos de contratos que vendiam séries por R$ 1."
Segundo ele, muitas vezes o contrato de produção e o de venda dos direitos da obra eram assinados no mesmo dia, antes mesmo de a série começar a ser feita.
"Isso ganhava aparência legal, mas na verdade era uma prática que fazia com que a obra não fosse mais uma produção independente brasileira. Séries patrocinadas por leis de incentivo eram exibidas uma, duas vezes no país e desapareciam."
Divulgação | ||
"Peixonauta", cuja produtora não vendeu ao Discovery Kids os direitos da obra e lucrará com sua exportação |
Agora obrigados a serem sócios minoritários das obras, os canais estrangeiros dizem que a regra prejudicará a produção nacional.
"Os canais têm um limitador que diz por quanto tempo podem ter exclusividade nas séries [cinco anos]. Isso pode reduzir a produção. O mercado tem condição de se regular sozinho", afirma Carlos Alkimim, diretor-executivo da ABPTA (Associação Brasileira de Programadores de TV por Assinatura), que representa 50 canais pagos.
Produtores nacionais se dividem. "Protecionismo demais vira paternalismo e prejudica o curso das negociações e a própria regulamentação do mercado", diz Andrea Barata Ribeiro, da O2. A produtora fez séries para a HBO, cuja marca é o conteúdo exclusivo.
Já Adriano Civita, da Prodigo, que teve de adequar à nova regra um contrato com a HBO, pensa diferente.
"Falamos de verba pública para estimular a indústria nacional. Estrangeiro que quiser ser dono de série deve fazê-la com o próprio dinheiro", diz ele, conselheiro da Associação Brasileira dos Produtores Independentes.
"A regra é superpositiva. Fizemos questão de ser donos do 'Peixonauta' e não tivemos problemas", diz Ricardo Rozzino, da TV Pinguim.
+ notícias sobre televisão
- "Uma Rosa com Amor" termina com recorde de ibope
- Ticiane Pinheiro diz que filha "puxou" a ela
- Após cirurgia, Chico Anysio é diagnosticado com pneumonia
+ notícias da Ilustrada
+ Livraria
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice