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Fabio Cypriano diz porque a exposição de Joseph Beuys será imperdível
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FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO
Joseph Beuys não é um artista fácil de ser exposto. Um grande agitador, ele defendia a ideia da "escultura social", que era a antítese do objeto artístico. "Escultura social" era um conceito que se apropriava de um dos elementos básicos da arte, a escultura, portanto algo tridimensional, para elevá-la a outro nível: o da antropologia social.
Para ele, a "escultura social" ocorre quando o homem é criativo, quando ele se torna um agente ativo nos processos de comunicação. A arte, assim, seria a forma de transformar a sociedade e, por isso, ele criou slogans como "a revolução somos nós", "arte = capital" ou "todo homem é um artista".
Grande parte de seus múltiplos (objetos feitos em série), portanto, visavam abordar essas questões, como duas latas conectadas por um fio, que representam a ideia da comunicação, ou então um limão junto com uma lâmpada, que significa a importância da natureza como geradora de energia.
Por tudo isso, expor apenas objetos em vitrines elegantes poderia ser um tanto contraditório com as propostas radicais de Beuys. Risco que a mostra "A Revolução Somos Nós" resolveu encarar. Afinal, tais objetos hoje, quando expostos podem apenas representar um fetiche, por outro são a documentação e a memória das propostas do artista.
Jefferson Coppola/Folhapress | ||
Montagem da exposição "A Revolução Somos Nós", do artista alemão Joseph Beuys, no Galpão do Sesc Pompeia |
A exposição, contudo, não caiu no risco de "museificar" Beuys pois circundando os objetos múltiplos estão filmes com o artista ou registros de ações, o que dá uma outra dinâmica à mostra. O agitador se revela nos debates como, por exemplo, numa acalorada discussão com Max Bill, ou numa performance com Nan June Paik.
Esses registros tornam vivo o pensamento de Beuys, fazendo com que sua atitude provocativa e contestadora esteja fisicamente presente. E a exposição torna-se ainda mais densa ao apresentar 205 cartazes criados pelo artista em volta desse primeiro conjunto de objetos e filmes. Esses cartazes representam uma importante estratégia do artista, que era a ideia da comunicação direta com as pessoas, da propaganda como instrumento de transformação.
Com a sala tomada por esses cartazes, a voz de Beuys torna-se mais enfática. E ele clama por democracia direta, por melhorias no sistema de educação alemão ou pela defesa da natureza, num momento que ecologia ainda era um tema pouco debatido.
Com tudo isso, "A Revolução Somos Nós" consegue ser expor um dos grandes ícones da arte e política no século 20, configurando-se com uma das principais mostras paralelas à 29ª Bienal de São Paulo.
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