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02/11/2010 - 07h33

Restrição à exposição de Larry Clark reacende debates em torno do artista

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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Um casal de adolescentes faz sexo numa banheira, outros dois transam no banco de trás de um carro estacionado. Alguns brincam com revólveres ou aparecem injetando drogas direto na veia.

Isso há mais de 30 anos. Já não são garotos e garotas aqueles que estão nas fotografias de Larry Clark, hoje também sexagenário. Mas a polêmica em torno delas está mais fresca do que nunca.

Clark está acostumado a ter seus filmes, clássicos cult como "Kids", de 1995, proibidos para menores de 18 anos, mas a mesma restrição de sua retrospectiva agora no Museu de Arte Moderna de Paris, a mais ampla da carreira, tem acirrado os ânimos.

Ouça comentários sobre a onda de conservadorismo na Europa:

Ilustrada

Essa é a primeira vez que uma mostra de Clark sofre esse tipo de censura. Imagens da série "Tulsa", de 1971, e "Teenage Lust", de 1983, já rodaram o mundo. Estiveram em Paris, na Maison Européenne de la Photographie e também foram mostradas há cinco anos em Nova York.

Agora, numa França em convulsão com greves e manifestações contra reformas de Nicolas Sarkozy, jornais não deixam passar em branco a autocensura do museu, a ira do artista e as opiniões contra e a favor.

"É um ataque à juventude, ficaram com medo e proibiram a mostra", diz Clark à Folha. "Isso é como deixar adolescentes verem pornografia na internet e não deixar que vejam arte sobre eles dentro de um museu."

Larry Clark/Divulgação
Fotografia de Clark, de 1968, agora em Paris
Fotografia de Clark, de 1968, agora em Paris

Em artigo, o jornal "Libération" acusou o museu de censura, o que motivou uma resposta do prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, em defesa do MAM, que é municipal.

"É nosso dever evitar o risco de interdição judicial", diz o comunicado. "Não é uma atitude pudica, mas desejo de permitir a expressão da liberdade artística."

Engrossando a histeria em torno de Clark, um grupo de ultradireita, a Aliança Geral contra o Racismo e pelo Respeito à Identidade Francesa e Cristã, processa o MAM, exigindo o fim da mostra, que acusa de "feiura estupefaciente, grande vulgaridade e rara obscenidade".

No rastro do escândalo, o Centro Paul Klee, em Berna, tirou duas obras de Clark de uma coletiva, alegando que toda polêmica poderia ofuscar os demais trabalhos.

"É uma atitude covarde", diz Clark. "Isso tudo é bobagem, é só política, mas sou um artista que faz seu trabalho e que não controla o que as pessoas acham disso."

Gostem ou não, Clark adiantou à Folha que volta a Paris no ano que vem para rodar um novo filme, agora sobre a juventude francesa.

 

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