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Livro põe sambista Noel Rosa acima de Villa-Lobos
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MARCELO BORTOLOTI
DO RIO
Embora um tanto timidamente, o centenário de Noel Rosa (1910-1937), que se completa amanhã, vem sendo lembrado em shows, CDs, seminários e livros --como "Noel Rosa - O Poeta do Samba e da Cidade" (Casa da Palavra), de André Diniz. Mas uma das homenagens mais interessantes ficou para 2011.
Trata-se de um livro organizado por Júlio Diniz, coordenador do programa de pós-graduação em letras da PUC-Rio, com artigos de diversos pesquisadores sobre o impacto de Noel na formação da música popular brasileira.
Segundo Diniz, a ideia é mostrar que a influência do compositor teve reflexo em toda a produção musical subsequente, incluindo a bossa nova e as canções de Chico Buarque, Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
"Ele influenciou a música brasileira mais do que Villa-Lobos", diz.
De acordo com o pesquisador, Noel é o protagonista de um movimento modernista carioca que divergiu do modernismo paulista, celebrado na Semana de Arte de 1922, e que, ao menos no âmbito musical, foi o que herança maior deixou ao país.
Diniz afirma que, enquanto os paulistas tinham um projeto para a música brasileira, que passava pelo resgate do cancioneiro popular e folclórico --e pela elevação deste através do conhecimento erudito--, os cariocas não tinham projeto, mas promoveram uma mistura muito mais horizontal do samba com a cultura burguesa.
Divulgação | ||
O sambista Noel Rosa (1910-1937), que foi considerado acima de Heitor Villa-Lobos, fumando em foto de 1936 |
MISTURA
"Noel foi o primeiro compositor branco e letrado a subir o morro para fazer músicas com parceiros negros. Mesmo sem estar a serviço de uma ideologia, ele inaugurou uma mistura que marcou a música brasileira daí em diante", diz.
Carlos Didier, biógrafo de Noel ao lado de João Máximo, diz que ele teve 18 parceiros negros e mestiços, incluindo Ismael Silva, Cartola e Canuto.
Morto de tuberculose aos 26 anos, compôs 252 canções em oito anos de carreira e conseguiu transportar para as letras um amplo leque de temas que escapavam do tema único da malandragem.
"Ele abordou assuntos como o telefone e o cinema falado, e sua produção é tão atual como a de Machado de Assis", afirma Diniz.
O pesquisador e compositor paulista Luiz Tatit concorda com a preponderância de Noel Rosa na construção da música popular brasileira. Segundo ele, Noel inaugurou a confiança no samba como uma linguagem autônoma, divergente da linha folclórica e da erudita, o que serviu de fundamento para a MPB.
"Ele tinha orgulho de ser sambista, diferentemente de Ary Barroso, que, embora tenha feito sambas maravilhosos, tinha uma espécie de nostalgia de uma produção mais elevada", diz.
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