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07/02/2011 - 10h58

Distribuidor de "Lixo Extraordinário" sonha em bater "Tropa 2"

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ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

Os três últimos filmes brasileiros indicados ao Oscar têm um nome a uni-los: Bruno Wainer.

Distribuidor de "Lixo Extraordinário", coprodução Reino Unido/Brasil indicada ao Oscar de documentário neste ano, e das ficções "Cidade de Deus" (2002; quatro indicações) e "Central do Brasil" (1998; duas indicações), esse surfista carioca é dono da Downtown, dedicada a lançar títulos nacionais.

Desde 2006, a Downtown colocou nos cinemas 32 longas. Alguns deles, como "De Pernas pro Ar" (em cartaz) e "Chico Xavier", foram idealizados por Wainer, 50, que, ao farejar o potencial de público das histórias, foi atrás de roteirista e diretor.

"Meu sonho é transformar a Downtown num miniestúdio", diz. Seus futuros projetos caça-milhões incluem desde "Na Toca dos Leões", sobre o sequestro de Washington Olivetto, até a história de irmã Dulce.

Gabo Morales/Folhapress
Distribuidor Bruno Wainer está por tras de alguns dos principais filmes nacionais dos últimos anos
Distribuidor Bruno Wainer está por tras de alguns dos principais filmes nacionais dos últimos anos

Mas é Wainer também a figura por trás de experiências que ele próprio define como "traumatizantes", como "Salve Geral" e "Lula, o Filho do Brasil", que, apesar do investimento --R$ 9 milhões e R$ 15,5 milhões, respectivamente--, não chegaram à desejada marca do 1 milhão de ingressos.

Empresário agressivo, Wainer guarda, além de alguns fracassos, alguns desafetos. Um concorrente ouvido pela Folha usou a expressão "joga pesado" para definir seu modo de atuação.

Já os cineastas de filmes autorais queixam-se de sua obsessão pelo sucesso numérico. Wainer retruca com uma lista de lançamentos que inclui "Ação entre Amigos" (Beto Brant), "O Céu de Suely" (Karim Ainouz) e "Estômago" (Marcos Jorge).

DUBLÊ DE FÁBIO JÚNIOR

Filho do jornalista Samuel Wainer (1912-1980) e da colunista da Folha Danuza Leão, Wainer entrou no cinema pelos braços do tio, Cacá Diegues, então casado com a cantora Nara Leão.

Ele tinha 17 anos, morava na Europa e estava embarcando para o Oriente quando a União Soviética invadiu o Afeganistão.

"Meus pais ficaram aliviados com essa decisão política", provoca.

A viagem cinematográfica de "Bye Bye Brasil" parecia a isca perfeita para capturar o adolescente de volta. "Achei aquilo melhor do que tinha planejado para mim" conta. Entre suas funções, esteve a de dublê de Fábio Júnior.

Depois disso, Wainer teve funções técnicas em mais de 20 filmes. Chegou a alimentar o desejo de virar cineasta, mas, em 1985, foi chamado para ser diretor de produção de "Fonte da Saudade". "Aí descobri que era mais feliz do lado de fora do set."

No mesmo momento em que via sua vocação para produtor se solidificar, em filmes como "A Grande Arte" (1991), de Walter Salles, Wainer via o cinema brasileiro se desmanchar. "Só ia ladeira abaixo", relembra, referindo-se aos anos finais da estatal Embrafilme.

Seu último trabalho como produtor-executivo foi em "Brincando nos Campos do Senhor" (1991), de Hector Babenco. Passou um ano na floresta e, ao voltar, ao contrário do que sempre acontecia, não ouviu seu telefone tocar. "Não havia mais filmes sendo produzidos", recorda.

E, quando o telefone tocou, a proposta que ouviu era completamente outra.

NOVO NEGÓCIO

Um distribuidor francês precisava de um sócio brasileiro para viabilizar a venda de alguns filmes para a TV. Nascia, quase por formalidade, a Lumière nacional.

Mas, já que havia a distribuidora, era bom que houvesse filmes. E então Wainer foi parar no mercado de filmes de Cannes.

"Juro que tive a tal de epifania. Lá, entendi onde começa o cinema." Em 15 anos, a Lumière distribuiu 300 filmes, uns poucos nacionais.

A nova virada viria em 2005, quando Wainer percebeu que o negócio do cinema brasileiro crescia enquanto o do cinema independente internacional se enfraquecia.

Com o recorte nacional e algumas convicções, como a de que "não existe filme de sucesso sem a GloboFilmes", nasceu a Downtown, que corteja o Oscar, mas que quer mesmo é outra coisa.

"O Oscar é legal pela festa. Mas meu sonho é fazer um filme que faça tantos ingressos quanto 'Tropa de Elite 2' [11,2 milhões]", diz, rindo, o caçador de milhões.

Veja vídeo

 

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