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Filme lança olhar incomum sobre o desastre de Chernobyl
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MIKE COLLETT-WHITE
DA REUTERS, EM BERLIM
Nem filme de catástrofe nem tragédia familiar, um novo filme sobre a explosão de 1986 na usina nuclear de Chernobyl analisa, em vez disso, a razão pela qual algumas pessoas decidiram permanecer na região, mesmo cientes de que corriam perigo mortal.
"Innocent Saturday", que faz parte da competição oficial do festival de cinema de Berlim, acompanha o jovem funcionário do Partido Comunista Valery Kabysh quando seus chefes, que num primeiro momento tentaram encobrir o que tinha acontecido, o informam da extensão real da catástrofe.
Ele corre para a cidade vizinha de Pripyat e tenta embarcar em um trem com sua namorada, mas quando a rota de fuga é fechada ele é rapidamente sugado de volta para a vida cotidiana, feita de casamentos, compras, música e bebida.
Seus antigos colegas de banda precisam de um baterista e já têm vários shows marcados, então Valery se junta a eles e eles decidem viver a vida plenamente, por mais curta ela possa ser.
Apenas de vez em quando, quando um noivo recorda que sua noiva aguarda um filho, é que a ameaça invisível da radiação se intromete em dia aparentemente idílico.
"O que me fascinou foi o porquê de pessoas que sabiam da catástrofe não fugirem da cidade", disse o diretor russo Alexander Mindadze. "Talvez porque o perigo era invisível?"
Ele disse que, apesar de ter acontecido há 25 anos, o desastre de Chernobyl ainda está presente na mente dos habitantes da antiga União Soviética.
O ator Anton Shagin, que fez o papel de Valery, tinha apenas 2 anos na época do desastre mas se recorda de que alguns de seus colegas, que tinham estado perto do epicentro da catástrofe, tinham que aguardar suas refeições em uma fila separada, porque tinham necessidades alimentares diferentes.
Svetlana Smirnova-Marcinkevich, no papel da namorada, Vera, ainda não tinha nascido em 1986 mas conhece muitas pessoas afetadas pelo pior acidente nuclear da história.
Apesar de mostrar o fato de as autoridades não terem avisado a população sobre o perigo da radiação --o produtor Alexander Rodniansky disse que isso foi "o drama do silêncio, o drama da grande mentira"--, Mindadze disse que seu filme não é político.
E, embora a presença do perigo tenha intensificado a consciência que todos tinham da vida, ele acrescentou que seu filme diz respeito a algo peculiar dos habitantes do bloco soviético: o fatalismo.
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