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Roberto Kaz: "BBB" e as profissionais do sexo
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DE SÃO PAULO
A exemplo do que ocorreu em semanas anteriores, a Folha.com convidou um neófito em "BBB" para avaliar o que ocorre na casa.
A função foi delegada a mim, Roberto Kaz, repórter da Ilustrada. Munido de meu olhar puro e virginal, acompanhei, pela TV, a disputa entre Adriana e Natalia.
Embora nutra especial predileção pela poesia de Pedro Bial, minha atenção foi atraída pelas frases do participante Mauricio, bastião da carioquice que, profundo, ensinou: "O amor sempre tem que prevalecer."
Pouco depois, em meio a outros participantes, o mesmo Mauricio foi cortante, indagando: "Tu casaria com uma garota de programa?"
A pergunta não era retórica. Em sua passagem pela casa, Maurício teve, de início, um caso com Maria, morena de fartos lábios cuja profissão passada é menos admirada que a futura, de ex-BBB.
E frisa-se: admirada; não admirável.
Maria posou nua, de forma não necessariamente artística, em diversas publicações e vídeos. Na internet, pipocam informações de que teria sido garota de programa, sob a alcunha de Meg Melillo.
Ao que parece, Maurício teria descoberto tal informação no andar da carruagem, durante as semanas em que esteve fora do programa (sim, ele saiu e voltou, como se Felipe Melo tivesse retornado a campo após o cartão vermelho na Copa do Mundo).
Arquivo Pessoal | ||
Maria, do "BBB11", pode ter sido garota de programa |
Desde então, Maurício se esforça em desprezar seu antigo affair. Boninho, o diretor, se esforça em alimentar a tensão, obrigando os participantes a verem "Uma Linda Mulher", clássico do cinema em que Julia Roberts vive uma meretriz.
O ofício, como se costuma contar em mesas de bar, é reconhecido pelo Ministério do Trabalho. Consta na Classificação Brasileira de Ocupações sob a alcunha "Profissionais do sexo".
Na Europa, lares holandeses, ingleses, eslovenos, italianos, suecos estão repletos de brasileiras, ex-garotas de programa, que hoje incorporam garbosas os dotes de rainhas do lar. No filme "Edifício Master", de Eduardo Coutinho, uma acompanhante de Copacabana brada, com firmeza, não ter vergonha do que faz (vi o filme no cinema, e me lembro, até hoje, dos aplausos efusivos neste momento).
Desconheço que atitude eu teria no lugar de Maurício. Isso não está em pauta.
Posso criticar, no entanto, um programa que corrobora para afirmar conceitos medíocres da sociedade. Na escolha entre o trivial e a margem, Boninho há sempre de excluir a margem (transexuais estão tão mais distantes disso que entram, para ele, na categoria do exótico).
Maurício agregaria algo se tivesse a hombridade de bancar seu afeto por Maria. Nem que apenas diante das câmeras.
Mas optou pelo senso comum. Me faz ter saudades de Diego Alemão.
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