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Pinacoteca pede tombamento da coleção Nemirovsky
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FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO
O promotor e curador de fundações do Ministério Público Estadual Airton Grazzioli considera desnecessário o pedido de tombamento da coleção Nemirovsky, solicitado na quarta da semana passada pelo diretor da Pinacoteca, Marcelo Araújo.
"Obras de arte que pertencem a fundações são inalienáveis, nenhum juiz iria autorizar a venda dessas obras. O pedido representa uma dupla proteção", diz Grazzioli.
A solicitação, contudo, pode ser interpretada como uma forma de pressão contra a ação movida pelo promotor, por solicitação da única filha do casal Nemirovsky, Beatriz, que pediu a destituição dos membros do Conselho Curador da Fundação e o afastamento do presidente, Jorge Wilheim.
A ação foi acatada pelo juiz Luís Augusto de Sampaio Arruda e está para ser publicada, portanto ainda não foi cumprida.
"Hoje [ontem], nosso advogado iria contestar essa decisão por meio de um agravo de instrumento que defende a tese de que não se justifica a pressa para o afastamento", disse Wilheim à Folha.
Daniel Marenco/Folhapress | ||
O quadro "Antropofagia", da artista plástica Tarsila do Amaral, que está em mostra da coleção a partir de amanhã |
O braço de ferro entre herdeira e Fundação vem de longe. "Conheci dona Paulina há 11 anos. Ela me contatou para ajudar a fundação a sair do papel, mas alertou que a filha fazia de tudo para desfazer isso", diz Maria Alice Milliet, curadora da Fundação, que amanhã inaugura "A Casa da Rua Guadalupe" na Estação Pinacoteca.
"O tombamento foi pedido pois o acervo é importantíssimo e as notícias a respeito das disputas levantam temor pela instabilidade na fundação, cujo trabalho consideramos exemplar", diz Araújo.
Desde 2004, as obras estão sediadas na Estação Pinacoteca graças a um comodato com o governo do Estado.
"Acho incoerente a Pinacoteca pedir o tombamento da coleção que está em comodato com ela. Parece uma tentativa dos antigos dirigentes de se perpetuar na fundação", diz Paulo de Moraes Leme, marido de Beatriz.
Segundo o promotor, no entanto, a filha questiona também a visibilidade que a coleção alcança. "Ela defende uma revolução de gestão", diz Grazzioli. Araújo contesta: "O trabalho da Fundação tem sido exemplar em todas as áreas, especialmente na preservação e na divulgação da coleção".
"Nós sabemos que as obras não podem ser vendidas, mas acho importante o tombamento porque a circulação delas passa a ter controle do Condephaat", afirma Wilheim.
A CASA DA RUA GUADALUPE
QUANDO abertura amanhã; de ter. a dom., das 10h às 17h30
ONDE Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, tel. 0/xx/ 11/ 3335-4990)
QUANTO de R$ 3 a R$ 6; sáb. grátis
CLASSIFICAÇÃO não informada
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