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Bob Dylan se apresenta na China e abre as portas para outros artistas
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DA FRANCE PRESSE
Os primeiros shows de Bob Dylan na China, na quarta-feira e Pequim e dois dias depois em Xangai, demonstram que os tempos estão mudando e as produtoras de espetáculos batem à porta do gigante asiático para outras apresentações de estrelas internacionais.
Os shows de Dylan constituem o maior acontecimento musical na China desde a passagem dos Rolling Stones em 2006 por Pequim e Xangai.
Bob Dylan, que teve apresentações canceladas ano passado, ao que parece por um veto do ministério da Cultura, se apresentará em uma turnê organizada pela empresa americana Live Nation. A também americana AEG é outra produtora que busca marcar presença na China.
A AEG administra, com sócios, duas salas de espetáculos de 18 mil lugares, em Pequim e Xangai. Em março a empresa levou os veteranos dos Eagles à China.
"Os grandes grupos estão muito interessados. Não é um mercado onde poderão gerar muito faturamento com álbuns, mas podem obter dinheiro com os shows, o que é crucial para os artistas", disse Craig Hartenstine, um dos vice-presidentes da AEG.
Apesar das previsões otimistas após os shows dos Rolling Stones, a China não conseguiu impor-se no mapa das grandes turnês mundiais. Jacarta (Indonésia)recebe mais estrelas do rock que Pequim ou Xangai.
Em fevereiro, Janet Jackson, Eric Clapton e Taylor Swift se apresentaram em Hong Kong e nos países vizinhos, mas não viajaram à China continental.
A principal dificuldade é a difícil relação entre o regime comunista e o rock, que tem uma cultura de sexo e protesto política.
O ministério da Cultura impediu os Stones de cantar canções como "Brown Sugar", considerada de teor forte, em 2006.
O Oasis teve que cancelar apresentações na China em 2009 depois que as autoridades proibiram a viagem do grupo britânica em função do fato do guitarrista Noel Gallagher ter participado de um festival em apoio ao Tibete em 1997.
A cantora islandesa Björk causou irritação do governo ao gritar "Tibete" em um show em Xangai em 2008.
Mas os pedidos passaram a ser mais aceitos nos últimos anos. A canadense Avril Lavigne cantou no país em 2008 e já tem apresentações agendadas para o fim de abril.
O maior problema agora é financeiro, segundo Steve Sybesma, sócio em Xangai da produtora Ato Ato, que já levou para a China artistas como Norah Jones e o Black Eyed Peas.
"A primeira dúvida para um artista que se apresenta em qualquer lugar é se pode vender ingressos em quantidade suficiente", afirma Sybesma.
O rock internacional continua sendo um nicho no mercado de 1,3 bilhão de pessoas dominado pelas canções pop em chinês. A pirataria e o download afetaram seriamente as vendas de música.
"Como a maior parte do faturamento vem dos shows, a maioria dos artistas não está disposta a reduzir o preço dos ingressos, exceto aqueles que consideram a China a futura mina de ouro", explica Archie Hamilton, diretor executivo da produtora Split Works.
"Estou na China há oito anos e acredito neste mercado. Só é preciso ter paciência", afirma Sybesma.
E, de fato, nesta segunda-feira ainda era possível comprar ingressos para os shows de Bob Dylan tanto em Xangai como em Pequim.
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