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Chris Couto estreia peça com visão humanista dos afegãos
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GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO
"Casa/Cabul", peça inédita do norte-americano Tony Kushner, estreia hoje e coloca em cena ambiguidades das tradições culturais, contrapondo Oriente e Ocidente.
Foi concluída antes dos ataques de 11 de Setembro, e se tornou um presságio para os acontecimentos políticos e sociais que chacoalharam o mundo nos últimos anos.
Segunda peça a ser montada no país do ganhador do Prêmio Pulitzer (por "Angels in America"), a obra lança um olhar imparcial sobre povos e crenças, comportamentos e costumes nas diferenças entre ingleses e afegãos.
"O autor não deixa de aprofundar conflitos e paradoxos em nenhum dos personagens, mesmo nos coadjuvantes", diz o diretor e tradutor Zé Henrique de Paula.
Lenise Pinheiro/Folhapress | ||
A atriz Chris Couto em cena na peça "Casa Cabul", de Tony Kushner |
Kushner discute sobre altruísmo ao sobrepor jornadas: a de uma dona de casa inglesa em direção a Cabul, a de uma bibliotecária afegã rumo à cultura ocidental e a de uma filha que busca reencontrar sua mãe.
"Fiquei encantado com a visão humanista do autor, que já em 'Angels in America' mostrava encarar o planeta como um palco de conflitos culturais, religiosos, étnicos e interpessoais", diz Paula. "Em nenhum momento Kushner é panfletário ou aponta de quem é a responsabilidade", avalia o ator Sergio Mastropasqua.
O espetáculo foi escrito em tempos distintos, 1997 e 1999. O monólogo inicial, de cerca de 50 minutos, chegou a ser apresentado nos EUA como uma obra autônoma.
Nele, uma verborrágica dona de casa inglesa (interpretada por Chris Couto) faz digressões sobre sua vida enfadonha e discorre sobre Cabul, demonstrando obsessão pela cidade onde sua mente encontra refúgio.
O segundo ato desenvolve temas introduzidos no primeiro. O Afeganistão deixa de ser um país imaginário para tornar-se realidade. A dona de casa desaparece. Em busca de seu paradeiro, sua família parte para Cabul.
Kushner tange o universal partindo de um drama familiar. "É como se pegasse uma lente e fosse abrindo até você ver algo maior: uma nação, um continente", diz Paula.
Sintonizado com a visão de mundo do autor, ele concebe um cenário que se reorganiza e apresenta a todo momento novos pontos de vistas ao espectador.
Objetos se transformam, adquirindo significados. Uma mesa usada na cena inicial, por exemplo, vira um banco na segunda parte da peça: "A partir dos mesmos elementos cênicos, construo diferentes realidades".
CASA/CABUL
QUANDO sex. e sáb., às 21h, e dom., às 18h; até 12/6
ONDE Sesc Santana (av. Luís Dumont Villares, 579, tel.0/xx/ 11/2971-8700)
QUANTO de R$ 5 a R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
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