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29/07/2011 - 08h00

Peça de Felipe Hirsch tem roteiro igual a livro publicado nos EUA

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CAROL NOGUEIRA
DE SÃO PAULO

Mixtape é o termo usado para as antigas fitas cassete gravadas de forma caseira para presentear amigos e namorados. Para trazer a palavra ao vocabulário brasileiro, mixtape é uma coletânea.

Ouça diálogos da peça iguais a livro
Lei deveria seguir "novos tempos", diz Felipe Hirsch
Leia a íntegra da entrevista com o diretor Felipe Hirsch

No livro "Love Is a Mixtape" (Random House), o jornalista Rob Sheffield fala sobre a perda da mulher por meio das fitinhas gravadas em cada época da vida a dois.

Repleto de referências pop, o livro é um prato cheio para adaptações. E pode parecer o caso para quem assiste à peça "Trilhas Sonoras de Amor Perdidas", da Sutil Companhia de Teatro, em cartaz no Sesc Belenzinho, em São Paulo, até domingo (31).

A peça é parte da trilogia iniciada com "A Vida é Cheia de Som e Fúria", baseada no livro "Alta Fidelidade", de Nick Hornby, em 2000.

Stefan Schmeling/Paralaxis
Natalia Lage e Guilherme Weber em cena de "Trilhas Sonoras de Amor Perdidas" no Sesc Belenzinho, em SP
Natalia Lage e Guilherme Weber em cena de "Trilhas Sonoras de Amor Perdidas" no Sesc Belenzinho, em SP

Embora Sheffield seja citado numa lista de 17 nomes cujas histórias foram usadas pela companhia para compor o espetáculo, a proximidade coloca em xeque a ideia de autoria ao dar um passo além da inspiração. O enredo encenado é idêntico ao do livro.

Há trechos e frases transpostos da obra de Sheffield, hoje um dos editores da revista "Rolling Stone" nos EUA.

Felipe Hirsch, diretor da Sutil, diz que o espetáculo foi montado como uma mixtape. "Uma adaptação seria se Sheffield fosse o único destes autores, e não, como é, um dos mais presentes", diz. "Nessa playlist há diversos ensaístas, críticos, autores e músicos."

Há pelo menos um nome e uma data iguais aos do livro --o dia em que a mulher do protagonista morre (11/05) e o apelido da atual namorada, Astrogrrl. Outros nomes e datas mudam.

Diversas passagens do livro são contadas com a exatidão dos diálogos do livro.

"São inúmeras as obras feitas a partir de outras obras", diz Hirsch. "Lembro de Leminski dizendo na década de 80: 'Vou te mostrar com quantas obras se faz um original'."

A apropriação do diretor, no entanto, parece não ter agradado quem detém os direitos do livro de Sheffield.

Procurados pela Folha, a "Rolling Stone" e o autor afirmaram não saber da existência da peça e disseram que vão acionar os advogados da editora sobre o caso. "Quero saber mais detalhes da peça", disse Sheffield, que não gostou ao tomar conhecimento do uso do apelido de sua atual namorada, Astrogrrrl, na peça. "É impressionante."

Alcir Pécora, professor de teoria literária da Unicamp, diz que "é válido se inspirar em um modelo geral de construção. No entanto, se há uma cópia daquilo que é particular ou individual, é pirataria".

Para Pécora, "quando há uma matriz muito definida para uma obra, cabe referência explícita".

Editoria de Arte/Folhapress
 

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