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20/09/2011 - 16h24

Após reabilitação, Demi Lovato "ensina" fãs em show

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JON CARAMANICA
DO "NEW YORK TIMES"

"Boa sorte, Demi" era uma das mensagens mais transmitidas do Twitter em Nova York na noite de sábado, quando Demi Lovato --cantora, atriz, ex-estrela da Disney, sobrevivente de um colapso-- cantou a mórbida balada power "Skyscraper" no Hammerstein Ballroom: "Você se sentiria melhor / me vendo sangrar?".

Lovato é uma potência no Twitter, um "trending topic" humano, graças aos Lovatics, como são chamadas seus fãs. Ela fez questão de interromper "Skyscraper", seu single atual, depois de alguns compassos, para passar uma mensagem de incentivo aos fãs. "Um ano atrás eu estava mal e precisei de ajuda", disse ela. "Há tantas garotas lindas nesta plateia que não sabem que são lindas, mas são." Ela agradeceu aos presentes "por ficarem do meu lado cada dia enquanto estive fora".

Lovato também agradece às mulheres do centro de tratamento Timberline Knolls --onde ela esteve "fora" para tratar-se por bulimia e automutilação, entre outras coisas-- no encarte de seu terceiro álbum, "Unbroken" (Hollywood), que será lançado na terça-feira, menos de oito meses depois de ela ter deixado a clínica de reabilitação e um mês depois de seu 19º aniversário.

"Unbroken" representa a oportunidade de passar a limpo várias coisas, algo que vem em boa hora para Demi Lovato. Ela é há muito tempo a menos musicalmente previsível de sua turma na Disney, que inclui também os Jonas Brothers e Miley Cyrus. Seus álbuns --"Don't Forget", de 2008, e especialmente "Here We Go Again", lançado no ano seguinte-- foram os mais sofisticados do grupo, cheios de pop-rock mordaz e agressivo.

Reza a teoria que os astros da Disney, com seus sorrisos Colgate, precisam ter paciência e esperar para mostrar quem são realmente, mas "Unbroken" parece mais contido que os álbuns anteriores de Lovato; ela trocou os grilhões do teen-pop por correntes de outro tipo, entregando-se à fusão recente do R&B e dance music. Ela colabora com Jason Derulo, Iyaz e Dev, alguns dos cantores ineptos que trabalham nessa intersecção, e, em duas canções, com o produtor Timbaland, que há tempos trocou o futurismo hip-hop pelo space-pop de alto brilho.

Essas canções proporcionam a Lovato a oportunidade de apresentar-se como adulta, não apenas como uma teen que sabe demais. Mas, no show no Hammerstein Ballroom, as mensagens sobre maturidade ficaram confusas. Antes de "Hold Up", Lovato foi acariciada sensualmente por um de seus dançarinos; a plateia, cheia de Lovatics teens e pré-teens, foi ao delírio. Mas em "Who's That Boy" ela foi separada dos dançarinos por cortinas que pareciam camisinhas em grande escala. "You're My Only Shorty" foi enjoativo de tão doce, destinado a virar cover em "Glee", mas em "My Love Is Like a Star", Lovato parecia estar encarnando a alma de Mary J. Blige.

E essas foram apenas as canções novas. Houve ainda mais confusão quando ela se deslocou entre essas e as mais antigas. Embora Lovato ainda possa convencer como cantora sedutora de R&B, ela sempre pareceu interessar-se pelo papel de deusa do rock, e neste show ela se alternou entre as duas coisas, jogando seu cabelo de um lado a outro em "Remember December" e "All Night Long". "Don't Forget" sugeriu que Lovato possa ter um futuro como vocalista de uma banda ao estilo do Evanescence; "Got Dynamite" foi um rock barulhento, indistinto, cheio de ritmo e com guitarras sem nitidez; "La La Land" lembrou o No Doubt, e "Get Back" foi uma destilação pura do pop-punk de nível militar que elevou Demi Lovato acima de seus pares da Disney.

"Unbroken" vai chegar algumas semanas antes do primeiro lançamento solo pós-Jonas Brothers de Joe Jonas, ex-caso de Lovato e galã da hora da turma teen ou mais um pouco. Também o disco dele é uma tentativa de fazer R&B pop sensual, mas o disco de Lovato transmite mais autoconfiança.

Apesar de ter se enfraquecido em alguns momentos ou se afastado da melodia, a voz de Lovato é forte e versátil. Ele foi convincente como dançarina neste show, quer estivesse sozinha ou cercada por sua trupe de bailarinos.

Lovato não se deu ao trabalho de cantar seu ousado single "This Is Me", que teria sido apropriado para um momento de começar de novo _provavelmente por ser Disney demais, demasiado carregado de memórias (foi originalmente um dueto com Jonas em "Camp Rock"). Mas ela fez uma escolha bem-vinda, provavelmente no lugar dele: um cover de "How to Love", balada de Lil Wayne criada para promover a estima feminina, que Lovato cantou em voz rouca e em parte na primeira pessoa. Decidir o que deixar para trás e o que levar adiante pode ser difícil. Boa sorte, Demi.

Tradução de Clara Allain

 

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