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Ator Willem Dafoe afirma que crise pode mudar cinema
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LUCIANA BRUNO
DA FRANCE PRESSE, NO RIO
A indústria do cinema passa por uma crise, assim como a economia mundial, e isso deve mudar o mundo cinematográfico, afirmou nesta terça-feira o ator norte-americano Willem Dafoe, que está no Brasil para o lançamento de "Uma Mulher", dirigido por sua esposa, a italiana Giada Colagrande, no Festival do Rio de Cinema.
"Hollywood está em crise porque é um negócio como outro qualquer. As coisas estão muito ruins e, quando isso acontece, há sempre a possibilidade de algo novo acontecer", afirma Dafoe.
Na opinião do ator, a indústria cinematográfica precisa de "visionários" e de "mais loucura", com obras que não tenham apenas o objetivo de conquistar bilheterias. "Precisamos manter o diálogo cultural rolando, isso está faltando, e talvez voltará".
Vanderlei Almeida/France Presse | ||
O ator Willem Dafoe posa ao lado da mulher, a diretora Giada Colagrande, durante passagem pelo Rio |
Dafoe, 56, interpreta em "Uma Mulher" o escritor Max Oliver, cuja esposa, uma famosa dançarina de tango, acaba de morrer. A jovem Julie se apaixona por ele, e Max a convida para morarem juntos na Itália. É no cenário ensolarado do sul italiano que o "thriller psicológico" tem seu ápice, pois a menina acaba desenvolvendo uma obsessão pela ex-mulher de Max e pelo amor que tem por ele.
O ator americano elogia o jeito de sua mulher filmar, mais frio e nada realista. "Ela filma de um modo muito formal, mesmo que o conteúdo seja muito emocional e brinque com sua imaginação. Quando você trabalha com ela, quer tirar todo o excesso, qualquer gesto desnecessário, para ficar na essência", diz.
Dafoe criticou o que chama de "cinema naturalista", mais afeito a representar fielmente a realidade. "O naturalismo é apenas um jeito de tornar as coisas mais fáceis de serem digeridas, mais familiares. Sou atraído pelos filmes de Giada porque são bem estranhos, não são como a vida, te levam poesia e meditação, algo que você só consegue no cinema, não na televisão".
Apesar de ser mais conhecido por personagens de "blockbusters" como o vencedor do Oscar "Platoon", de Oliver Stone, e "Homem-Aranha", de Sam Raimi, Dafoe tem um histórico de atuação em filmes de arte, como em "Coração Selvagem", de David Lynch, e "Manderlay" e "Anticristo", de Lars Von Trier.
Sobre "Uma Mulher", ele diz que a intenção era participar de um filme mais autoral, e não de um "produto". "Foi bom porque não sentimos pressão para agradar, é claro que queremos que as pessoas gostem do filme, esperamos que haja pessoas atentas por aí que vão achá-lo bonito".
Este é o segundo trabalho de Giada Colagrande, 36, e Dafoe juntos. O anterior foi "Viúva Negra", de 2005.
Giada afirma que, como espectadora, também prefere filmes minimalistas. "Ao contar uma história, gosto de um cinema que fique em uma dimensão diferente". Ela cita como influências o dramaturgo alemão Bertolt Brecht, o diretor alemão Rainer Werner Fassbinder e o italiano Federico Fellini.
Sobre trabalhar com Dafoe, Giada diz que pediu colaboração para o marido, especialmente ao escrever o script em inglês, que não é sua língua natal. "Ele me ajuda quando eu peço, não é intrometido", brinca.
O Festival do Rio acontece até 18 de outubro no Rio de Janeiro e terá a exibição de mais de 350 filmes de 60 países.
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