"360", de Fernando Meirelles, é mal recebido pela crítica

"360", novo filme do brasileiro Fernando Meirelles, abriu na quinta-feira à noite o Festival de Cinema de Londres e foi muito mal recebido pela mídia local e pelos estrangeiros que vieram cobrir o evento.

As principais críticas foram para o roteiro de Peter Morgan, responsável por "A Rainha" e "Frost/Nixon".

Foi considerado confuso, cheio de clichês, com histórias improváveis e raso no desenvolvimento dos personagens.

	Andrew Winning/Reuters
	O ator Jude Law e o diretor Fernando Meirelles chegam para abertura do Festival de Londres

A entrevista com o diretor, o roteirista e alguns atores foi uma amostra do desinteresse despertado.

A sala, no centro de Londres, estava quase vazia e a assessoria do festival pediu aos jornalistas que se agrupassem nas primeiras fileiras para dar ideia de volume.

Morgan disse que decidiu escrever o roteiro (baseado em peça de Arthur Schnitzler) após a crise econômica mundial de 2008.

"Os efeitos da crise mostraram como o mundo todo está conectado. Hoje, o [Barack] Obama discute na Casa Branca os problemas na Grécia, sendo que tudo teve início na Islândia", afirmou.

O filme tenta ser uma alegoria dessa globalização. Mas, em vez de economia, entra o sexo.

Há várias histórias interconectadas. Uma prostituta eslovaca trabalha em Viena e atrai um executivo inglês, cuja mulher tem um caso, em Londres, com um fotógrafo brasileiro.

A namorada do fotógrafo, também brasileira, descobre a traição e foge da Inglaterra com destino ao Brasil. Vai parar no interior dos EUA, onde fica presa num aeroporto por causa do mau tempo. Lá, se envolve com um maníaco sexual.

No mesmo local está uma russa, que vive em Paris, está em crise conjugal e espera concretizar uma história de amor com um muçulmano francês, atormentado pela proibição do adultério por sua religião.

Para fechar a roda, o marido da russa se envolve, de novo em Viena, com a irmã da prostituta.

Os personagens acabam sendo afetados pelas atitudes dos demais, sem que nenhuma história seja de fato aprofundada.

Meirelles disse que tentou retratar a força do acaso. "Se um dos personagens tivesse olhado para a direita em vez de para a esquerda num determinado momento, a vida de todos os outros teria sido diferente", afirmou.

Isso fica claro no filme, mas o problema é que a mesma ideia já foi usada em vários outros.

"360" junta atores famosos, como Jude Law, Rachel Weisz e Anthony Hopkins, e desconhecidos russos e eslovacos. Num dos poucos elogios, a atuação da brasileira Maria Flor foi considerada vibrante pelo jornal "Evening Standard."

Meirelles disse que ficou surpreso com o convite para abrir o Festival de Londres. "Esse é um filme pequeno, não daquele tipo bombástico que dá início a festivais", afirmou.